segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Cientistas comprovam que florestas mais antigas são grandes sumidouros de carbono

Por Sabrina Domingos, do Carbono Brasil

Florestas com idade entre 15 e 800 anos podem ser maiores sumidouros de carbono do que se imagina. Um estudo publicado pela revista científica Nature comprova que, depois de velhas, as árvores continuam absorvendo carbono por séculos. Os resultados da pesquisa vão de encontro à teoria de que as florestas mais antigas possuem balanço de carbono neutro ou até negativo.

Os pesquisadores da Universidade do Estado de Oregon (OSU), nos Estados Unidos, e de várias outras instituições, avaliaram 519 estudos diferentes e descobriram que cerca de 15% das áreas florestais no hemisfério Norte são formadas por florestas primárias intocadas, sendo grande parte delas de crescimento antigo. Os resultados mostram que elas podem ser responsáveis por até 10% da absorção de dióxido de carbono (CO2), já que seqüestram entre 0,8 e 1,8 bilhões de toneladas de carbono por ano.

De acordo com o estudo, florestas localizadas em qualquer lugar com idade entre 15 e 800 anos possuem balanço de carbono geralmente positivo com armazenamento nas partes da árvore e no solo – o que significa que absorvem mais CO2 do que liberam.

Até então a certeza científica era baseada em um estudo realizado nos anos 1960, que utilizou dados de uma única plantação para sugerir que florestas acima de 150 anos emitem tanto carbono quanto consomem da atmosfera – sendo, assim, consideradas neutras em carbono.

“Esta é a história que todos nós aprendemos por décadas nas aulas de ecologia. Mas isso era baseado apenas em observações de um estudo único em um tipo de floresta, e, simplesmente, não se aplica em todos os casos”, afirma Beverly Law, professor de ciência da floresta na OSU. “Os dados atuais agora deixam claro que a acumulação de carbono pode continuar em florestas centenárias”, acrescenta.

Os autores consideram as novas descobertas significantes para evitar que florestas antigas sejam substituídas por novas plantações – o que já vem ocorrendo em todo o mundo. Dados da ONU informam que mais de 15 milhões de hectares de floresta foram destruídos a cada ano durante a década de 1990, incluindo 6 milhões de hectares de florestas primárias. Já as plantações de florestas tropicais quintuplicaram desde os anos 1980. Em 2006, o Brasil sozinho usou mais de 627 mil hectares para o plantio de florestas industriais.

Law explica que, quando uma floresta antiga é derrubada há uma nova entrada de carbono na atmosfera, por cerca de 5 a 20 anos, antes de o crescimento das árvores jovens começar a absorver e seqüestrar mais carbono do que elimina. A criação de novas florestas, seja natural ou plantada, é geralmente associada com a perturbação do solo e da vegetação já existente – o que prejudica a produtividade.

Nas florestas antigas, quando árvores individuais morrem atingidas por um raio, por ataque de insetos, fungos ou outras causas, geralmente há uma segunda camada de dossel pronta para assumir e manter a produtividade local. Law conclui que a pesquisa é importante para a melhor caracterização das florestas antigas a partir de modelos que tentam definir o balanço de carbono da superfície da terra.

“Se você está preocupado em compensar as emissões de gases do efeito estufa e olhando apenas pela perspectiva do carbono, então, a melhor coisa a fazer é deixar as florestas em paz”, afirma o professor.

* Com informações de The Economic Times e Mongabay.com


(Carbono Brasil)

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