segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Poluição das queimadas provoca doenças oculares

A rota do biocombustível deu origem a 200 novas usinas no País e a mais de 4 milhões de hectares com plantação de cana-de-açúcar só no estado de São Paulo. Segundo o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, a má notícia é que sem prevenção este investimento coloca a saúde ocular em risco. Isso porque, a previsão do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) é de que nos meses de agosto e setembro as queimadas devem atingir níveis críticos no País. Queiroz Neto explica que a piora da qualidade do ar contribui para a maior evaporação da lágrima que tem a função de proteger os olhos das agressões externas. Significa que mesmo quem tem boa saúde ocular fica mais vulnerável às doenças.

Ele afirma que a população rural merece atenção especial. Isso porque no campo é mais freqüente a ceratite fúngica, inflamação que pode causar graves lesões na córnea, perfuração e até a perda da visão. Isso acontece, observa, porque lavradores mantêm os olhos mais expostos a traumas por partículas contaminadas durante o trabalho. Outros grupos de risco são: pessoas mal nutridas, imunodeprimidas, que já têm doenças pré-existentes na córnea, como por exemplo, herpes, e usuários de lentes de contato por manuseio e manutenção incorretos.

O especialista adverte que os sintomas da ceratite são bastante parecidos com os da conjuntivite: olhos vermelhos, dor, lacrimejamento, sensibilidade à luz e visão borrada. Os tratamentos, entretanto, são bastante diferentes e exigem diagnóstico médico já que a instilação de colírio impróprio pode levar à perda irreparável da visão.

Como proteger os olhos - Outro problema que pode decorrer da poluição é a conjuntivite tóxica, inflamação da conjuntiva, membrana que recobre as pálpebras e superfície ocular. Queiroz Neto explica que é favorecida pela transpiração e oleosidade da pele que permitem a penetração dos poluentes nos olhos.

Ele diz que a poluição também agrava a síndrome do olho seco, uma alteração em um dos três ingredientes da lágrima – água, proteína e gordura. A combinação de frio, estiagem e poluição fazem a síndrome do olho seco atingir 20% da população contra 10% no restante do ano. A síndrome, observa, também pode ser causada por: ar seco, uso intensivo de computador, menopausa, envelhecimento que reduz em até 60% a produção lacrimal, doenças auto-imune, uso de pílula anticoncepcional e medicamentos para hipertensão, alergia, digestão, depressão, disfunções da tireóide ou inflamações. Os sintomas são olhos vermelhos, ardência, fotofobia (aversão à luz), vista embaçada e cansaço visual. Para eliminar o desconforto do olho seco o tratamento é feito com colírio de lágrima artificial. Quem pensa que qualquer colírio resolve o problema, se engana. Existem diversos tipos de lubrificante e cada um atua de uma forma sobre a lágrima. Por isso é necessário passar por avaliação médica para diagnosticar qual das camadas está sofrendo alteração para usar a medicação correta. (Fonte: 24 Horas News/MT)

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