quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Gelo do Ártico está maior que em 2007, mas deve diminuir

O gelo do Ártico não deve repetir neste ano o encolhimento recorde de 2007, mas novas pesquisas sugerem que está ocorrendo uma perda lenta e gradual, segundo especialistas.

Os dados de 2007 sugeriam que o Pólo Norte poderia pela primeira vez ficar sem gelo neste verão, o que seria letal para criaturas como ursos polares, mas por outro lado seria útil para empresas de navegação e exploração de gás e petróleo.

"Provavelmente não haverá um novo recorde mínimo de gelo no Ártico em setembro próximo", disse Ola M. Johannessen, do Centro Ambiental Nansen de Sensoreamento Remoto, no oeste da Noruega.

Atualmente, o gelo do Ártico ocupa cerca de 6 milhões de quilômetros quadrados - equivalente à Austrália - ou seja, está cerca de 1 milhão de quilômetros quadrados maior do que no final de julho de 2007, mas bem abaixo da média das últimas décadas.

Mark Serreze, do Centro Nacional de Dados da Neve e do Gelo dos EUA, disse que no ano passado houve uma conjunção de fatores que favoreceram o degelo, mas não se repetiram neste ano. Em maio, o instituto considerava "bastante possível" que o Ártico ficasse sem gelo neste verão.

O encolhimento dramático de 2007, superando o recorde de 2005, estimulou mais debates sobre o aquecimento global, num momento em que os governos se preparam para negociar um novo tratado climático que substitua o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.

Johannessen entregou à Reuters um estudo até agora inédito mostrando que nas últimas décadas há uma coincidência de 90 por cento entre o aumento das emissões dos gases do efeito estufa (especialmente pela queima de combustíveis fósseis) e o recuo do gelo polar.

"Empiricamente, 90 por cento do decréscimo da extensão do gelo marinho é 'responsabilidade' do aumento do dióxido de carbono na atmosfera", escreveu ele no estudo, a ser publicado na edição de agosto da Academia Chinesa de Ciências.

Se essa correlação se mantiver, até 2050 a extensão média do gelo será vários milhões de quilômetros menor do que previsto pelo Painel Climático da ONU, que reúne 2.500 cientistas do mundo todo, segundo o novo estudo.

Serreze disse manter a previsão de que o oceano Ártico ficará sem gelo no verão até 2030, ou seja, décadas antes do que prevê o Painel Climático.

O Ártico se aquece ao dobro do ritmo médio do planeta nas últimas décadas. Como o gelo e a neve refletem o calor, qualquer degelo revela faixas escuras de terra e mar, o que atrai o calor do sol e acelera ainda mais o descongelamento. (Fonte: Estadão Online)

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