quarta-feira, 4 de junho de 2008

Pacto é necessário para salvar biocombustíveis, diz especialista

Os líderes mundiais precisam acertar uma forma de tornar os biocombustíveis social e ambientalmente aceitáveis antes de a opinião pública passar a rechaçá-los de forma definitiva, afirmou na terça-feira (3) uma importante economista da Organização das Nações Unidas (ONU).

Os biocombustíveis levantam profundas desavenças na cúpula dos alimentos realizada pela ONU em Roma - alguns vêem neles uma forma de diminuir a dependência mundial do petróleo; outros argumentam que os biocombustíveis podem reduzir a oferta de alimentos no mundo.

Considerados antes uma forma de reduzir o excedente de alimentos, os biocombustíveis tiveram sua imagem arranhada porque contribuíram com a atual disparada do preço dos produtos alimentícios. Grupos de combate à fome defendem que sejam deixadas de lado as políticas de promoção desse tipo de fonte de energia.

Astrid Agostini, uma economista junto à Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), entidade que preside a cúpula de Roma, disse que os biocombustíveis podem beneficiar os agricultores pobres e o meio ambiente se forem utilizados da forma correta.

"Não se trata de decidir entre o preto e o branco. Saber se a bioenergia é uma má idéia depende do que é produzido e quais os métodos agrícolas usados", afirmou Agostini à Reuters, acrescentando que a cúpula deveria abrir caminho para um acordo internacional a respeito da bioenergia garantindo sua adequação social e ambiental.

"Se continuarmos a agir da forma atual, com os países implementando as políticas existentes hoje, corremos o perigo de que a opinião pública, que se torna cada vez mais hostil, se volte de uma vez por todas contra os biocombustíveis."

O presidente do Egito, Hosni Mubarak, pediu que a cúpula crie "um código internacional de conduta" a respeito da produção de biocombustível.

Os adversários desse tipo de energia manifestavam-se de forma estridente na cúpula, convocada para discutir uma crise dos alimentos responsável por deixar famintos quase 1 bilhão de pessoas.

"Ninguém entende como, em 2006, um montante de 11 bilhões a 12 bilhões de dólares gasto com subsídios e com políticas de proteção alfandegária tiraram 100 milhões de toneladas de cereais da boca das pessoas para, principalmente, satisfazer uma sede por combustíveis usados em veículos automotores", afirmou o chefe da FAO, Jacques Diouf, ao abrir o encontro, realizado na sede da entidade.

Os EUA e a Europa incentivam a produção de biocombustíveis, o que canaliza para esse tipo de atividade produtos como o milho e óleo de palma.

O governo norte-americano pretende, até 2022, reservar cerca de um quarto da sua produção de milho para a produção de etanol. Já a União Européia (UE) planeja fazer com que, até 2020, por volta de 10 por cento dos combustíveis usados nos veículos automotores do bloco sejam de origem vegetal. (Fonte: Estadão Online)

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