A emissão de gases e outras substâncias tóxicas na atmosfera traz diversas conseqüências negativas para a vida na Terra. Entre elas o efeito estufa e o aquecimento global são as mais relevantes. Por isso, segundo os especialistas, é importante reduzir o lançamento destes elementos na natureza. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT) tem um programa de monitoramento da camada de ozônio, mantendo uma rede de observatórios da camada de ozônio e da radiação ultravioleta.
Dados do último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apresentados pelo pesquisador do Inpe Carlos Afonso Nobre "estimam que, mesmo com o controle da emissão de poluentes, pelo menos de 10 a 15% de todas as espécies vivas devem sofrer ameaça de extinção até o final deste século em decorrência do aquecimento global e demais mudanças climáticas dele resultantes. Esta ameaça deve continuar pelos próximos séculos".
Ainda de acordo com Nobre, se não houver qualquer controle e a temperatura continuar a subir, num certo momento, o planeta não terá condições de habitabilidade para bilhões de pessoas. Mesmo com a expansão de soluções tecnológicas há limitações físicas que viriam principalmente da questão da fotossíntese.
"Em temperaturas muito altas as plantas não realizam mais a fotossíntese. Isso comprometeria a produção de alimentos. Mas acredito que a nossa própria ação vai estabilizar as concentrações desses gases num nível em que a temperatura não possa ameaçar a produção de alimentos", afirma Nobre.
As condições do vento e as condições atmosféricas determinam o destino final dos poluentes, quando lançados na atmosfera, podendo sofrer processos de deposição seca ou ser lavados pela chuva. O tempo da residência dessas substâncias na atmosfera é relativamente longo e quanto mais emissões, maior a concentração porque elas vão se acumulando. O dióxido de carbono (CO²), por exemplo, tende a permanecer muito tempo na atmosfera, por algumas décadas. Então, se essa substância for emitida continuamente e em grandes quantidades o tempo de acúmulo será maior e os desequilíbrios ecológicos mais graves.
Outro vilão do aquecimento global é o ozônio, gás tóxico para a saúde humana e também para as plantas. Ele existe na natureza em altas e baixas concentrações, dependendo da localização: na estratosfera (onde funciona como um filtro de radiação solar, não permitindo que a radiação ultravioleta atinja a superfície terrestre) ou na troposfera (poluição), respectivamente.
Karla Longo, pesquisadora do Inpe, informa que esta substância se concentra em uma camada alta da atmosfera, portanto não é respirada. "O ozônio não é produzido na baixa troposfera. Ao se dar partida num automóvel, por exemplo, são emitidas as substâncias precursoras de ozônio. Ativadas pela radiação solar, e combinadas por meio de uma série de reações químicas se transformam no ozônio na troposfera, ou seja, nos níveis mais baixos da atmosfera onde a população pode ser afetada por meio da inalação", explica ela.
Nos últimos anos, a indústria automobilística tem produzido veículos menos poluentes. Os carros das décadas de 60 e 70 causavam mais danos ao meio ambiente. Não eram equipados com catalisadores nos escapamentos. De acordo com Karla, essa medida é relativamente recente. Na sua opinião, os governos deveriam investir em transporte coletivo, principalmente nas grandes cidades. "É muito difícil pedir à população que vá trabalhar de bicicleta, se não há ciclovias; usar o metrô ou o ônibus, se eles não têm um sistema eficiente. Acredito em políticas públicas para incentivar a população a se comportar de maneira adequada à preservação ambiental. Mas é preciso que seja bom individualmente também. A pessoa tem que conseguir chegar a tempo no trabalho e de uma maneira segura. É muito difícil pedir que o cidadão se comporte de maneira correta, se ele não dispõe dos meios adequados para fazer isso" diz.
Além disso, o Brasil tem uma dificuldade natural por se tratar de um país de dimensão continental e com poucos recursos disponíveis. O Inpe desenvolve ferramentas de modelagem numérica e por satélites com o intuito de obter um método para monitoramento da qualidade do ar.
Basicamente são instalados monitores em vários pontos da cidade. Esses equipamentos medem a quantidade de poluentes existente na atmosfera e com isso pretende-se ter algum controle da qualidade do ar. No Brasil, esse monitoramento é feita apenas em São Paulo por se tratar de um processo muito cara. O preço do equipamento está em torno de R$ 500 mil. Por isso, o Inpe busca desenvolver uma ferramenta alternativa que seja efetiva e factível.
A poluição dos grandes centros urbanos pode chegar até mesmo a regiões do país que não são habitadas. Mesmo na região Amazônica, dependendo do padrão de circulação do ar, é possível se constatar índices de qualidade do ar muito ruins. A pesquisadora do Inpe diz que o Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) tem um ponto de monitoramento de material particulado em Alta Floresta, cidade relativamente pequena, localizada no norte do Mato Grosso.
Na época de queimadas a concentração de material particulado na região chegava a atingir picos de 500 microgramas por metro cúbico. Na cidade de São Paulo, quando essa mesma medida ultrapassa 100 microgramas por metro cúbico considera-se que a situação ultrapassou a fase de sinal de alerta.
Ao final da estação seca, as queimadas são interrompidas e passa-se alguns meses com a atmosfera limpa, mas o dano já foi feito. Ocorrem alterações nos ciclos da chuva e nos ciclos biogeoquímicos. A longo prazo, alerta a pesquisadora, os prejuízos podem ser irreversíveis.
Escudo atmosférico
Oxidantes fotoquímicos é a denominação que se dá à mistura de poluentes secundários formados pelas reações entre os óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis, na presença de luz solar, sendo estes últimos liberados na queima incompleta e evaporação de combustíveis e solventes.
O principal produto desta reação é o ozônio (0³), por isso mesmo utilizado como parâmetro indicador da presença de oxidantes fotoquímicos na atmosfera. Tais poluentes formam a chamada névoa fotoquímica ou "smog fotoquímico", que tem este nome por causar a diminuição da visibilidade na atmosfera.
Além de prejuízos à saúde, o ozônio pode causar danos à vegetação. Os pesquisadores lembram que o ozônio encontrado na faixa de ar próxima do solo, onde respiramos, chamado de "mau ozônio", é tóxico. Entretanto, na estratosfera (aproximadamente 25 km de altitude) o ozônio tem a importante função de proteger a Terra, como um filtro, dos raios ultravioletas emitidos pelo Sol.
(Envolverde/MCT)
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Inpe tem rede de observatórios para avalia poluição atmosférica
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