quinta-feira, 15 de maio de 2008

Mercado voluntário de carbono triplica

Por Sabrina Domingos, do Carbono Brasil

Apesar de ser desregulamentado, o comércio de compensação de emissões tem recebido impulso cada vez maior por empresas e cidadãos que desejam neutralizar suas pegadas de carbono. Em 2007, o mercado voluntário mais do que triplicou, saltando de 97 milhões para 331 milhões de dólares.

Acusações sobre a baixa qualidade dos créditos perseguem o mercado voluntário. As críticas, no entanto, não diminuem o interesse de pessoas e corporações em minimizar os impactos que causam no clima global e melhorar sua imagem pública.

O volume de compensações negociadas em 2007 equivale ao corte de 65 milhões de toneladas de CO2 – mais do que as emissão anual do gás pela Noruega – e superior às 25 milhões de toneladas registradas em 2006, de acordo com o relatório divulgado pelos analistas do Ecosystem Marketplace e da New Carbon Finance.

Há quem se oponha aos estudos sobre o mercado voluntário, alegando que significa pouco se comparado aos 66 bilhões de toneladas negociadas pelo mercado regulamentado pelo Protocolo de Quioto em 2007. A analista do Centro para Soluções de Recursos, Lars Kvale, entende que o mercado voluntário é importante porque fornece oportunidade para inovação e para aprendizado.

A mesma linha de raciocínio é seguida pelo presidente da VCS Association, Edwing Aalders. Ele acredita que a flexibilidade do mercado voluntário é um elemento que contribui para o desenvolvimento de diferentes projetos, cada um realizado de uma maneira própria. “Uma das características do mercado voluntário é a existência de vários padrões e, conseqüentemente, de vários tipos de projetos - uns mais fortes socialmente, outros mais preocupados com a redução das emissões de gases do efeito estufa”, avalia. Aalders destaca que, há três anos não havia padrões, hoje já são mais de 12. “O comprador procura o que lhe parece mais importante quanto a qualidade”, acrescenta.

Sobre o futuro do mercado voluntário, Aalders, sugere que haverá mudanças até 2020, mas não acredita que os projetos irão se acabar. “Nos EUA, por exemplo, grandes empresas que não possuem limites de emissões - como a Google a Yahoo - irão desejar continuar a ser neutras em carbono”, avalia.

Cotação

Os preços das compensações voluntárias oscilaram de maneira drástica em 2007, variando de 1,62 dólares até 300 dólares a tonelada de CO2, com a média de pagamento ficando em 6,10 dólares – o que representa um aumento de 49% em relação aos 4,10 dólares pagos em média pela tonelada de CO2 no ano anterior.

“O valor do mercado tem crescido mais fortemente do que os volumes absolutos, uma vez que os compradores estão dispostos a pagar mais por suas compensações”, afirma Milo Sjardin, da New Carbon Finance. Ele acrescenta que, em relação a 2006, o valor do mercado voluntário cresceu 240%, o que é significativamente maior do que até mesmo o mercado regulamentado, que dobrou de valor no último ano para 64 bilhões de dólares, de acordo com um relatório publicado pelo Banco Mundial na última semana.

As transações de compensação voluntária são divididas em dois mercados principais: a Bolsa do Clima de Chigado (nos EUA) e o de venda por meio de corretores, revendedores ou desenvolvedores de projetos – no mercado conhecido como “over-the-counter” – ou Balcão. Estes mercados foram responsáveis por 72 milhões e 258 milhões de dólares respectivamente em 2007.

Compensações provenientes de projetos asiáticos representaram 39% do volume comercializado em 2007, enquanto os projetos africanos perderam espaço – contando com apenas 2% do mercado, menos do que os 6% de 2006. A América do Norte sediou cerca de 27% dos projetos.

* Com informações da Reuters

(Envolverde/Carbono Brasil)

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