sexta-feira, 9 de maio de 2008

Cerca de 3 mil pessoas participam da abertura da III Conferência Nacional do Meio Ambiente

Por Gisele Teixeira, do MMA

Cerca de 3 mil pessoas, entre elas 11 ministros de Estado, participaram da abertura da III Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), nesta quarta-feira (07) à noite, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. A necessidade de institucionalização do processo, para que não haja descontinuidade com futuras alternâncias de poder, bem como a incorporação do viés ambiental pela totalidade do governo, permearam os principais discursos do evento.

O secretário-geral da Presidência da República, Luiz Dulci, representando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, destacou que o governo federal já realizou 49 conferências, nos mais diferentes setores desde 2003 - um processo que envolveu mais de 3 bilhões de pessoas em todo o Brasil. Ele ressaltou, no entanto, que a Conferência Nacional do Meio Ambiente, ao lado da Conferência Nacional da Saúde, é uma referência para todas as outras pelo rigor temático, abrangência e diálogo interno. "É motivo de orgulho para todos nós", acrescentou.

Dulci afirmou que a democracia participativa não é uma retórica neste governo e que, por isso mesmo, a institucionalização das conferências deve ser consolidada até 2010, para que não haja nenhum retrocesso com as futuras alternâncias de poder. Ele acrescentou, ainda, que as deliberações da CNMA precisam ser um compromisso de governo, e não apenas do Ministério do Meio Ambiente.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi ainda mais além. Ela destacou que a política ambiental brasileira não pode ser mais vista somente como uma questão de governo e sim de país, com uma perspectiva de longo prazo, além do viés transversal e integrado. Isso porque os problemas ambientais ganharam caráter de desafio civilizatório com as mudanças globais do clima. As respostas para esses novos problemas, disse a ministra, podem estar em fóruns como a Conferência Nacional do Meio Ambiente, que reúne governos, setor privado e sociedade civil. "Diferentes saberes talvez seja a única forma de dar uma resposta", disse.

O presidente do Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (CEBEDS), Fernando Almeida, também destacou a importância da CNMA como instrumento de diálogo entre os diferentes setores da sociedade e como fórmula de transformar discurso em prática. A conferência, segundo ele, torna-se ainda mais relevante quando o assunto é mudança do clima. "Todos nós fazemos parte do problema. Temos que fazer parte também da solução", disse. Temístocles Marcelos, secretário de Meio Ambiente da Central Única dos Trabalhadores, disse que a CNMA tem o desafio de aprofundar o modelo de democracia participativa e defendeu a institucionalização do processo para garantir sua permanência.

A III CNMA, organizada pela Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do MMA, recebeu 5.132 propostas oriundas de todo o Brasil. As sugestões foram colhidas em 751 conferências municipais e estaduais que envolveram mais de 100 mil pessoas desde o final de 2007. O encontro termina no sábado.

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Jornalistas discutem mudanças do clima em oficina na III CNMA

A forma como a mídia brasileira aborda o problema das mudanças climáticas foi pauta nesta quarta-feira (7) de uma oficina dedicada a jornalistas, promovida pela organização da III Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), em parceria com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF). As mudanças climáticas são o principal tema de discussões do encontro, que começa oficialmente nesta quarta-feira, às 19h, em Brasília, com a presença da ministra Marina Silva.

Na abertura da oficina, o secretário de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Hamilton Pereira, destacou que a mídia, em geral, ainda trata o tema da mudança do clima pelo viés da catástrofe. "Precisamos começar a discutir na imprensa as causas desse problema mais profundamente, bem como o modelo de desenvolvimento que o País quer daqui para frente", afirmou. Ele lembrou que o Brasil voltou a crescer em ritmo acelerado, quase 5% em 2007, e que isso tende a aumentar a pressão sobre os ativos ambientais. "Vivemos um estado de urgência no debate das políticas públicas de meio ambiente e a imprensa tem um papel fundamental nessa discussão", acrescentou.

O cientista político Guilherme Canela, coordenador de Relações Acadêmicas e Pesquisas da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi), apresentou o estudo "A Cobertura da Imprensa Brasileira sobre Mudanças Climáticas", resultado da análise de 50 jornais entre 2005 e 2007. Entre as conclusões, Canela destacou que o trato da mídia brasileira para o tema está fortemente vinculado às questões internacionais. Houve, por exemplo, um aumento na publicação de matérias após a divulgação do Relatório Stern, em 2006, e dos relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), em 2007. "Por outro lado, existem poucas tentativas de internalizar a pauta", afirmou. Isto é, há pouca relação entre as matérias sobre mudanças do clima e os problemas ambientais do País.

Segundo Canela, três assuntos - efeito estufa, energia e conseqüências das mudanças climáticas - dominaram 50% das matérias que versaram sobre o tema no período. As expressões mais utilizadas foram aquecimento global (70,6%) e mudanças climáticas (29,4%) o que, segundo o especialista, demonstra que ainda há uma confusão conceitual entre os dois problemas por parte dos jornalistas. Os temas de mitigação e adaptação aparecem em 41,7% e adaptação (2,7%) dos textos. Apenas 3% das matérias cobram responsabilidade do governo no estabelecimento de políticas públicas para combater o problema.

O consultor do ministério do MMA e especialista em Planejamento Energético e Fontes Renováveis de Energia, Roberto Kishinami, fez uma palestra técnica aos jornalistas e defendeu que o Brasil também adote, internamente, o princípio das responsabilidades comuns porém diferenciadas. Estados do Norte, que não possuem o mesmo passivo ambiental que os estados do Sudeste, por exemplo, que reduziram a menos de 10% a Mata Atlântica, devem ser compensados por manter suas florestas em pé.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas do DF, Romário Schettino, destacou o esforço do MMA em qualificar os profissionais de imprensa e também o empenho da pasta em dar continuidade a um dos mais importantes processos de democracia e participação popular na área ambiental. A fase preparatória da Conferência Nacional envolveu mais de 100 mil pessoas desde maio do ano passado.

(Envolverde/MMA)

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