segunda-feira, 28 de abril de 2008

São Paulo antecipa ações contra aquecimento global

Por Eli Serenza

Ações foram apresentadas em seminário sobre mudanças climáticas

O inventário das 100 maiores indústrias emissoras de dióxido de carbono no Estado de São Paulo, que acaba de ser divulgado pela CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, foi citado por Xico Graziano, como uma contribuição do Governo do Estado para as ações que buscam reduzir a emissão dos gases de efeito estufa. A declaração foi feita durante o seminário “As negociações sobre o clima em fase decisiva: o que está em jogo, o que querem os grandes jogadores e como deve jogar o Brasil”, em que o secretário estadual do Meio Ambiente participou como comentarista, no último dia 22.

O evento, promovido pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso e a Bolsa de Mercadorias & Futuros, em São Paulo, teve como apresentadores o embaixador Rubens Ricupero, presidente do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, e José Domingos Gonzales Miguez, secretário-executivo da Comissão Interministerial sobre Mudanças Climáticas. Contou também com a participação de Eduardo Viola, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, além de Graziano, como debatedor. Entre os presentes, estavam o presidente do IFHC, Fernando Henrique Cardoso, Manoel Félix Cintra Neto, presidente da BM&F, Celso Lafer, ex-ministro do Exerior além de outros embaixadores, políticos, empresários e especialistas nas questões relacionadas ao aquecimento global.

Graziano apresentou algumas ações que vêm sendo desenvolvidas pelo Estado de São Paulo, como forma de contribuir para a redução das emissões do dióxido de carbono (CO2). Além da realização do “Inventário Estadual de Fontes Fixas – Emissões de CO2 – Combustíveis Fósseis”, com o levantamento das emissões dos gases que têm impacto direto sobre o clima, o secretário citou os programas que visam reduzir o desmatamento na Amazônia, impedindo a entrada de madeira sem origem comprovada no Estado; a recuperação das matas ciliares, que devem resultar no aumento de 50% na cobertura vegetal do Estado e o programa do Etanol Verde, que já apresenta como resultado concreto a redução dos prazos para a eliminação da queima da palha de cana. Sugeriu também que sejam criados mecanismos que estimulem a manutenção da floresta em pé, como a aplicação de impostos territoriais “negativos” para os proprietários que preservem áreas com cobertura vegetal significativa no País.

O cultivo da cana, como principal fonte de combustível renovável, também foi abordada por Ricupero. Ele considerou equivocada a política brasileira de aproximação com os Estados Unidos, na expectativa de criar alianças e ampliar o mercado, e reforçou a necessidade da adoção de políticas claras, que confirmem a disposição brasileira de preservar a Amazônia e impedir a destruição de sua floresta, além de assumir a posição de vanguarda na utilização de energias limpas, a partir dos biocombustíveis e hidrelétricas.

Para Miguez, o Brasil tem feito muito, embora não se encontre na relação das nações que já assumiram metas de redução das emissões de CO2. Ele destacou posições defendidas a partir da Conferência de Bali, entre as quais a necessidade de exigências diferentes para os países que só recentemente atingiram a industrialização e que apresentam alto índice de crescimento urbano, como é o caso do Brasil. Citou também a disposição do governo brasileiro de antecipar metas de redução do CO2, desde que tenha apoio econômico e tecnológico que não comprometam seu desenvolvimento.

Especialista em política internacional, o professor Viola mostrou-se otimista em relação às próximas eleições americanas, que podem contribuir para a mudança de postura do governo dos Estados Unidos em relação às metas estabelecidas a partir do Protocolo de Kyoto. Segundo ele, existe um vácuo na hegemonia mundial, que pode ser preenchido pelos EUA, como maior potência econômica, responsável por 25% da produção industrial global. Assim como Graziano, ele concorda, porém, que no Brasil o grande vilão do efeito estufa é o desmatamento e que é preciso desenvolver políticas públicas para que seja estancado drasticamente.

Crédito da imagem: Portal do Meio Ambiente

(Envolverde/Secretaria do Meio Ambiente - PR)

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