quinta-feira, 3 de abril de 2008

Pesquisa da Point Carbon mostra as expectativas de participantes do mercado de carbono

Baseado nos resultados da pesquisa via internet realizada com 3.703 pessoas, a Point Carbon produziu o relatório ‘Carbon 2008 - Post-2012 is now’ onde apresenta um panorama sobre o mercado de carbono em 2007, as previsões para 2008 e as perspectivas para o que resta do primeiro período de Quioto e para o pós-2012. Os resultados da pesquisa foram complementados por análises da consultoria européia, líder mundial em análises sobre o mercado de carbono.

Cerca de 70% dos entrevistados acreditam que existirá um acordo climático pós-2012, dentre os quais 80% confiam que ele será firmado mesmo sem a participação dos Estados Unidos e 60% acham que o país participará. Curiosamente, mais de 75% consideram que o Canadá também participará, apesar de atualmente o país estar longe de alcançar as metas de Quioto.


“O mercado de carbono global está consolidado num período de crescente aumento da atenção para as mudanças climáticas”, traz o relatório. No ano passado, o mercado alcançou um recorde, passando dos 1,6 bilhões de toneladas em 2006 para 2,7 bilhões. O total comercializado aumentou 64%. O Esquema Europeu de Comércio de Emissões (EU ETS) ainda domina o mercado, representando 62% do volume total comercializado, seguido pelas negociações de créditos de projetos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que contabilizam 35% (sendo 22% no mercado primário e 13% no secundário).

“As temperaturas globais e a cobertura da mídia aumentam e, com isso, também cresce o volume de permissões de emissões e créditos”, compara a Point Carbon.

Em valores, o crescimento foi ainda maior em 2007. O mercado global de carbono alcançou um volume de negociações na ordem de €40 bilhões, um aumento de 80% em relação a 2006. Diante deste quadro, 73% dos entrevistados acham que existirá uma referência global para os preços de carbono em 2020. “A existência de tal preço (indiferente do nível) seria um indicador confiável do sucesso das políticas”, comenta o relatório.

Mais de 50% dos entrevistados estão na Europa e 12% nos Estados Unidos. Do total, 1406 (ou seja, cerca de 38%) vendem, compram ou possuem permissões de emissões (EUAs) ou créditos de projetos de MDL (RCEs).

Sobre o mercado de MDL, mais da metade dos entrevistados acreditam que ele facilita as reduções de emissões e menos de 40% consideram o mercado um sucesso. Quando perguntados se haverá demanda por créditos de carbono após 2012, 80% dos entrevistados acham provável ou muito provável que haja uma procura depois do primeiro período de compromissos do Protocolo de Quioto.

Cumprimento de metas

Para cumprir as regras de Quioto, as empresas dizem combinar abatimento interno, comércio, neutralização e mudanças nos padrões de produção. No entanto, segundo a Point Carbon, as emissões verificadas não mostram abatimentos de larga escala no EU ETS, com emissões ainda altas em todos os setores.

Apesar disso, 71% das companhias representadas em uma pesquisa realizada no ano passado pela consultoria informaram que haviam implementado medidas de redução, principalmente relacionadas a mudanças de combustíveis e eficiência energética.

Pouco mudou na pesquisa deste ano. No ano passado, 65% das empresas disseram estar fazendo algo para reduzir as emissões. Neste ano, foram 62%. As duas pesquisas indicam que pelo menos dois terços das empresas do EU ETS estão envolvidas ou planejam reduzir emissões de alguma forma.

O preço do carbono ainda continua sendo um fator relevante nas decisões de investimentos para 73% das empresas que participam do EU ETS. Apenas 6% afirmaram que o preço do carbono não causa impacto em novos investimentos.

Na arena política, um avanço crucial no último ano foi a criação de iniciativas de comércio de emissões a nível estadual e federal nos Estados Unidos. “Mais importante ainda foi o projeto de lei Lieberman-Warner que está sob avaliação do Senado”, afirma o relatório.

O projeto sugere o estabelecimento de um esquema de comércio de emissões que cubra cerca de 75% das emissões de gases do efeito estufa nos Estados Unidos, com um limite 2,5 vezes maior do que a segunda fase do EU ETS, com a diminuição para cerca de 100 mt por ano em 2050. “Se isto se tornar realidade, este será o maior esquema de comércio de emissões do mundo”, afirma o relatório.

Mercado voluntário

O mercado voluntário, que nos primeiros três trimestres de 2007 movimentou 55 Mt de CO2e, deverá crescer fortemente. Cerca de 45% dos entrevistados acham que o mercado voluntário cresceu com mais maturidade no último ano. Por outro lado, apenas 10% o considera transparente.

Além disso, menos de 30% acham que este mercado produz reduções reais de emissões, enquanto que mais de 40% acreditam que ele traz riscos para a reputação do mercado obrigatório.

Grande parte das transações voluntárias foram realizadas nos Estados Unidos, onde mais de 30 Mt foram comercializadas em 2008, ou cerca de 60% do total. A Bolsa do Clima de Chicago (CCX) responde por metade deste volume, com o restante vindo de mercados corporativos voluntários e consumidores do mercado de varejo.

Acesse o relatório na íntegra,
clicando aqui (em inglês) .

Por Paula Scheidt, CarbonoBrasil

Fonte: CarbonoBrasil

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