quarta-feira, 2 de abril de 2008

Moratória da soja deu resultado, diz relatório

Não há soja plantada em áreas de novos desmatamentos da Amazônia. A informação é resultado do primeiro mapeamento e monitoramento da moratória da soja no país.

A moratória foi iniciada em 24 de julho de 2006, quando as empresas ligadas à Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) e à Anec (Associação Brasileira dos Exportadores de Cereais) se comprometeram a não comercializar soja oriunda de áreas desmatadas da Amazônia. Elas respondem por 90% da soja comercializada no país.

Para verificar se a pressão da indústria teve efeito sobre os produtores, primeiro foi feito o levantamento de terras desmatadas entre agosto de 2006 e agosto de 2007, com base em dados do Prodes, sistema de cálculo de área desmatada do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

As áreas analisadas pela empresa Globalsat, contratada pelas associações, ficam em Mato Grosso, Pará e Rondônia. Elas estão fora de áreas protegidas - como unidades de conservação e terras indígenas - e possuem mais de 100 hectares.

Depois, foram realizadas 107 horas de sobrevôo, entre janeiro e fevereiro deste ano, para verificar a situação das áreas desmatadas. Foram vistoriados 193 polígonos de desmatamento em 37 municípios - 30 em MT, cinco no PA e dois em RO.

Foi feito também um monitoramento adicional em três cidades com áreas desmatadas menores do que 100 hectares - Feliz Natal, União do Sul e Vera, todas em Mato Grosso. Nas duas situações não foi encontrado cultivo do grão.

Segundo Paulo Adário, coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace, a moratória mostrou eficácia em seu primeiro ano. "As traders têm enorme poder porque, além de comprar a soja, também financiam o produtor rural", afirma.

Entretanto, diz ele, é preciso continuar atento. "Como houve retomada do desmatamento no segundo semestre de 2007, há uma pressão adicional sobre a Amazônia e a moratória."

Adário diz que o Greenpeace sobrevoou os 36 municípios que mais desmatam na Amazônia Legal e também não encontrou o grão em áreas desflorestadas. "Mas encontramos desmatamento em área de soja. Isso significa que o "sojeiro" desmatou. E dificilmente vai plantar tulipas ou alface ali."

Ele ressalta, porém, que o governo precisa ficar atento ao desmatamento ilegal para evitar que o produtor plante outras culturas nas áreas desmatadas, como o milho.

Segundo a Abiove, o objetivo da moratória e do monitoramento é "melhorar a governança da Amazônia". A associação diz ainda que não haveria tempo hábil de preparar a terra para plantar soja nos desmatamentos ocorridos no segundo semestre de 2007. A entidade afirma que o plantio é feito entre setembro e novembro. (Folha Online)

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