domingo, 13 de abril de 2008

Mapeando a pegada de carbono nos Estados Unidos

Quais partes dos Estados Unidos emitem mais gases do efeito estufa? Até agora a melhor maneira de visualizar isso era por satélites, que podiam capturar somente flashes a nível estadual. As emissões totais eram conhecidas, mas a sua distribuição era um mistério.

Isto tudo mudou na segunda-feira com o lançamento de um mapa detalhado das emissões provenientes de combustíveis fósseis do país.

O mapa, desenvolvido pelo Projeto Vulcan, levou mais de dois anos para ser finalizado e custou cerca de 250.000 dólares, com o apoio da NASA e do Departamento de Energia. O resultado, nomeado como o Deus romano do fogo, é 100 vezes mais detalhado do que qualquer outro projeto já realizado, segundo pesquisadores.

Os pesquisadores uniram informações de 2002 sobre as emissões de dióxido de carbono (CO2) provenientes de usinas de energia, estradas, fábricas, empresas e residências, e ilustraram como o gás viaja através da terra e dos oceanos.

O mapa relaciona as emissões com a densidade populacional. Entretanto, uma investigação mais detalhada revela surpresas, como o CO2 agrupado em áreas semi-rurais do sudeste dos Estados Unidos, onde indústrias têm se instalado vindas do nordeste e meio-oeste.

“Empurramos as usinas de energia para onde as pessoas não vivem, assim as emissões tem ficado espalhadas. Estradas interestaduais existem no meio do nada”, disse professor assistente da Universidade de Purdue Kevin Gurney, que lidera o projeto.

Sua equipe construiu um software para produzir um vídeo que demonstra grandes rastros de CO2 desde o sul da Califórnia até o Oceano Pacífico, e que se espalham do nordeste para o norte do Atlântico. Visões tridimensionais demonstram como tempestades e outros padrões climáticos influenciam a migração das emissões.

Em breve estas informações devem ser combinadas com descobertas feitas pelo satélite do Observatório Orbital do Carbono, previstas para serem lançadas em dezembro, para coletar dados sobre o carbono na atmosfera da Terra.

Gurney disse que tem sido inundado com ligações de advogados, empresários e desenvolvedores de software que procuram mais detalhes e oferecem sugestões relacionadas ao Projeto Vulcan. As informações disponíveis para download, por exemplo, podem apoiar sofisticados programas de mercado de carbono.

“Se pudermos demonstrar a realidade das emissões e o potencial para as pessoas mudarem ao comprar carros híbridos ou melhorar o isolamento das suas casas, então seria uma ótima maneira de se interagir com os consumidores”, disse Gurney.

A próxima ambição do grupo de pesquisadores é o Projeto Hestia, um mapa global e um portal climático nomeado como a deusa Grega do coração.

“Queremos torná-lo ainda mais refinado, ao nível individual, em um sistema estilo Google Earth 3-D que permitirá às pessoas se aproximarem de qualquer lugar”, disse Gurney. “Números em uma tabela simplesmente não se conectam com as pessoas. Quando elas virem seu mundo e a sua casa, numa visão foto-realista, isto fará sentido para suas vidas”.

No próximo mês, o Projeto Hestia, que está a procura de parceiros e financiamento, irá lançar um protótipo para rastrear Indianápolis. Gurney tem como objetivo mapear a cidade dentro de um ano ou dois. Em contraponto, ele espera focar em uma cidade na China antes de mapear o planeta.

A longo prazo, o ideal é que o sistema leve em conta os outros gases do efeito estufa, como o metano, além de medir esforços como o seqüestro de carbono e o uso do solo.

Traduzido por Fernanda Muller, CarbonoBrasil

Links:
Projeto Vulcan
Informações disponiveis para download
Projeto Hestia

Fonte: News.com

Nenhum comentário: