domingo, 13 de abril de 2008

Biocombustíveis são tão inviáveis quanto extração de petróleo, diz ativista

O consumo de energia para transporte baseado na produção de biocombustíveis é “tão inviável” quanto a extração de petróleo para o mesmo fim. A avaliação é do representante da Organização Não-Governamental (ONG) Programa Cone Sul Sustentável, Pablo Bertinat.

Ao participar na sexta-feira (11) do segundo dia da Conferência Especial pela Soberania Alimentar, pelos Direitos e pela Vida, Bertinat explicou que a discussão sobre os biocombustíveis na América Latina e no Caribe envolve a possibilidade de a região se constituir como grande provedora da tecnologia para o mundo.

“Isso é uma fascinação que impactou nosso governos, mas que é perigosa porque, seguramente, vai ocasionar um impacto muito forte sobre os territórios em todo o continente. Não só sobre a terra, mas sobre as pessoas que vivem nas terras e sobre suas culturas.”

Bertinat lembrou que na Argentina, seu país de origem, as apostas nos biocombustíveis implicaram um grande avanço da fronteira agrícola sobre a floresta natural, provocando fortes impactos ambientais e nas populações regionais. Ele garante que no Brasil - maior produtor de biocombustível no mundo - o cenário não é diferente.

“Não estamos discutindo se os biocombustíveis são bons ou maus. Estamos falando do modelo de produção fortemente químico, que utiliza transgênicos e que tem impacto forte sobre sobre a fertilidade do solo e sobre a populações que vivem nos locais, que se vêem impactadas pelos agrotóxicos.”

Ele acredita que a corrida dos países latino-americanos em busca da expansão dos biocombustíveis é “correr atrás de algo que é impossível de se alcançar”. Segundo Bertinat, pensar que o consumo do transporte no mundo pode ser abastecido com biocombustíveis é “inviável”, porque implica um grande impacto a médio e longo prazos.

“Não há saída com esse modelo de transporte e de consumo atual, porque não se pode baixar o nível de consumo. Deve-se pensar em um modelo de transporte mais racional, que não utilize automóveis ou caminhões.” (Fonte: Agência Brasil)

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