sexta-feira, 25 de abril de 2008

Ataque de besouro transforma floresta em fonte de gás carbônico

Pode um besouro menor que um grão de arroz ajudar a alterar o clima do planeta? Cientistas canadenses dizem que sim. Eles afirmam que uma única infestação de um tipo de besouro está transformando as florestas da região noroeste do país em grandes emissoras de gás carbônico, o principal gás de efeito estufa.

O grupo liderado por Werner Kurz, do Serviço Florestal Canadense, calculou pela primeira vez o impacto da praga do besouro-do-pinheiro (Dendroctonus ponderosae) sobre as emissões das florestas de coníferas da Colúmbia Britânica.

Os pesquisadores descobriram que até 2020 as árvores mortas pelo bichinho numa epidemia ocorrida em 2006 terão emitido 270 milhões de toneladas de CO2. Esse volume corresponde quase ao total de emissões do Brasil em um ano (excluindo o desmatamento) e ao total que o Canadá teria de cortar até 2012 para cumprir sua meta no Protocolo de Kyoto.

O problema, dizem Kurz e seus colegas, é que até agora as extensas florestas de coníferas canadenses eram consideradas "ralos", e não fontes, de gás carbônico: estudos anteriores mostravam que elas seqüestravam 600 mil toneladas desse gás-estufa por ano.

Em seu estudo, publicado nesta quinta-feira na revista "Nature", o grupo afirma que se trata de um caso daquilo que os cientistas chamam de "feedback positivo": um efeito do aquecimento global que, por sua vez, faz aumentar as emissões, que pioram o clima ainda mais.

Isso porque o besourinho tem sido favorecido pelas temperaturas cada vez mais altas daquela região nas últimas décadas --atribuídas ao aquecimento global. Antes limitado em seu habitat pelo frio e pelas secas no verão, agora ele encontra a situação inversa. Em 2006, a área infestada foi de 130 mil quilômetros quadrados --dez vezes mais que o maior surto até então registrado.

O besouro deposita seus ovos sob a casca do pinheiro, apodrecendo a árvore. A decomposição libera CO2 na atmosfera.

"Muitos outros insetos afetam ciclo de carbono", disse Kurz à agência de notícias Associated Press. "Se eventos como esse ocorrem em outras regiões do planeta, eles realmente têm de ser contabilizados."

Crédito da imagem: Wikipédia

(Envolverde/Portal do Meio Ambiente)

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