quarta-feira, 16 de abril de 2008

15 de abril – Dia Nacional da Conservação do Solo

Ângelo Mansur Mendes (*)

A Lei n° 7.876, homologada em 13 de novembro de 1989, quando nosso País estava no 168° ano de independência e 101° de República, instituiu o Dia Nacional da Conservação do Solo, a ser comemorado em todo território nacional no dia 15 de abril. Portanto, um dia para reflexão e também de advertência para recordar como os solos são formados e entender suas fragilidades desse recurso natural que está alicerçando a sobrevivência da nação. E também como são degradados para que possamos ter consciente desses processos e buscas outras práticas que reduzam esses efeitos.

Esse dia foi escolhido em homenagem a um baluarte do conservacionismo internacional, ao nascimento de Hugh Hammond Bennett (15/04/1881 – 07/07/1960) que é considerado o pai da conservação de solos e o primeiro responsável pelo Serviço de Conservação de Solos dos Estados Unidos. A escolha pode ser até questionada ou discutida e provavelmente, pode até ser mudada essa data conforme substituir esse por um outro homenageado nacional, porém não ser deixada de existir um dia para a conservação do solo.

O solo representa o registro do tempo em função dos fatores: geológico (litologia); geomorfológico (relevo); meteorológico (clima); biológico (organismos vivos) que permitem a rocha transformar em terra (solo) através do intemperismo. As diversidades desses fatores como tipos de rocha, tipos de relevo, classes de clima, e a ampla atividade dos organismos vivos ao longo do tempo, proporcionam uma diversidade de solos. Esse processo de formação de solo que é complexo e também lento que precisa de muito tempo para formar, numa ordem de grandeza de 5 cm de solo a cada 100 anos. Por isso o solo pode ser considerado um recurso natural não renovável a curto e médio tempo. O que torna importante saber manejar e conservar para a manutenção e melhoria da capacidade produtivo dos nossos solos.

Os processos de degradação do solo são erosão, desertificação, salinização, compactação, contaminação e esgotamento. Todos esses tipos de degradação modificam as características físicas, químicas e biológicas do solo A erosão representa uns dos principais processos de degradação do solo que consiste em três etapas: destruição da estrutura do solo, transporte e acumulação numa outra áreas ou manancial hídrico causando o assoreamento, enterro dos recursos hídricos. Os agentes de erosão determinam o tipo de erosão: chuva a erosão hídrica ou pluvial, vento a erosão eólica, gelo a erosão glacial e mar a erosão marinha. A erosão hídrica é a nossa maior preocupação, por isso pensar em conservação do solo também consiste em conservar a água e o solo.

As práticas recomendadas para minimizar a erosão hídrica são: evitar a primeira etapa que é a destruição da estrutura do solo através de manter o solo coberto por plantas de cobertura, cobertura morta, uso racional da pastagem, redução do desmatamento, evitar a queimada, reflorestamento e ou recuperação de mata ciliar; evitar escoamento superficial como cultivos em faixa, cordão vegetado, plantio em nível, curva de nível, terraço, canais divergentes e escoadoures, distribuição e adequação de estrada e carreadores; e outras práticas como o plantio direto, quebra-vento, sistemas agroflorestas e uso do solo conforme sua aptidão agrícola deva ser considerada no planejamento das atividades agrícola, portanto adotar o planejamento e as práticas conservacionistas. Somente para ilustrar o efeito que pode provocar a erosão hídrica uma perda de solo está na ordem de 700 kg/ha/ano em pastagem, 4 kg/ha/ano em floresta e chegar a 38.000 kg/ha/ano em cultivo anuais.

A ênfase para a erosão hídrica é devido à erosividade das chuvas no estado de Rondônia é considerada alta como para toda a região Amazônica. A erosividade é capacidade das chuvas em causar a erosão que é denominada por E30 que é obtido pela intensidade máxima da chuva durante trinta minutos contínuos. O importante não é considerar o valor anual, mas também os valores mensais para identificar o período mais crítico. Esse período corresponde de novembro a abril, período das chuvas onde o índex atinge maiores índices nos meses de janeiro e fevereiro (E30 na faixa de 3.600 a 4.500 MJ.mm/ha.h.mês enquanto que nos meses de maio a setembro apresentam menores valores, E30 inferior a 900 MJ.mm/ha.h.mês, E a erosividade anual é estimada na faixa de 16.000 a 18.000 MJ.mm/ha.h.ano que é considerada como uma classe de alta erosividade.

A Embrapa Rondônia tem contribuído com serviço (laboratório de solos e plantas com padrão de qualidade), pesquisa (recuperação do lago, sistemas agroflorestais, café sombreado entre outras) e difusão (dias de campos, cursos, campanha, publicações). E continuará participando com os demais técnicos das instituições públicas e privadas e produtores e para o fortalecimento da agricultura, pecuária e florestal através da conservação do solo e água. E inovações como laboratório reformado (em fase de conclusão), novos projetos (sistema de plantio direto, transição à agroecologia em fase de proposta e outros como recuperação de mata ciliar e consorciação de pastagem com leguminosa de projetos aprovados e em andamento) e fortalecimento da equipe de solo com novas contratações de pesquisadores permitem fortalecimento da conservação do solo e água em Rondônia.

O nosso formulado de resultado de análise de solo e planta contém um slogan sobre o qual é importante refletir neste dia: “Terra: base da vida, sustento do homem. Analise-a”. E tomando a liberdade para fazer uma paródia desse. “Solo: a base da vida, sustento do homem. Conserve-o!”

* É pesquisador da Embrapa Rondônia.

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