sábado, 23 de fevereiro de 2008

Chuvas não eliminam necessidade de usinas térmicas, diz presidente da EPE

Mesmo com as chuvas constantes desde o final de janeiro, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, afirmou que o governo não pode prescindir das usinas termelétricas.

"Elas são parte do sistema nacional, que tem 80% de geração hidrelétrica e 20% da termelétrica. De tempos em tempos, as termelétricas terão que operar. E provavelmente irão operar ainda por algum tempo", disse.

Sobre o leilão de reserva para oferta de energia adicional, que será realizado pela primeira vez no país no dia 30 de abril, Tolmasquim reiterou que trará maior segurança para o Sistema Interligado Nacional (SIN) e fará com que os preços no mercado de curto prazo (spot) também sejam reduzidos. Ele disse acreditar que com a contratação dessa energia de reserva será reduzido o risco de déficit.

O leilão se destina à compra de energia produzida por termelétricas à base de biomassa, com destaque para o bagaço e a palha da cana-de-açúcar, para entrega a partir de janeiro de 2009 e janeiro de 2010. A energia de reserva, destacou Tolmasquim, não tem nada a ver com o seguro apagão criado em 2001, durante a crise de abastecimento energético.

“Em 2001 estávamos falando de usinas térmicas com um custo de operação de quase R$ 600 por megawatt/hora. Agora, o custo de operação é zero. Aquela energia foi contratada por três anos e operou apenas uma vez. A energia de reserva vai operar durante 15 anos no período de safra que, no caso do Sudeste, vai de maio até novembro", esclareceu.

Para o presidente da EPE, o leilão de reserva fará com que as termelétricas mais caras, como as movidas a gás e a óleo, não precisem operar com tanta freqüência. A expectativa é que as usinas que venderem no leilão já estejam interligadas ao sistema a partir de maio de 2009, para quem se cadastrou para gerar energia a partir desse ano.

A participação da bioeletricidade, em particular a gerada pela cana-de-açúcar, na matriz energética brasileira, deverá crescer nos próximos anos. A estimativa é que a produção de cana chegue a 1 bilhão de toneladas por ano em 2020, contra os atuais 470 milhões de toneladas/ano. A substituição do atual sistema de plantio e colheita manual pelo processo de mecanização, restringindo a queima da palha, contribuirá para isso, ampliando a oferta de biomassa, disse Tolmasquim.

Com o leilão de energia de reserva, ele explicou que será contratada uma energia que está além das projeções do mercado. A EPE ficará responsável por fazer esse cálculo. (Agência Brasil)

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