segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Países em desenvolvimento prometem resistir a pressões em Bali

Os países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, disseram nesta sexta-feira (14) que vão resistir à "pressão e até às ameaças" de alguns países ricos nas difíceis negociações sobre o pacto para combater o aquecimento global.

Cerca de 190 países estão reunidos em Bali, na Indonésia, no que era para ser o último dia de uma conferência que começou no dia 3. A secretaria-geral da ONU decidiu retomar a conferência no sábado (14).

O G77, que reúne países em desenvolvimento, afirmou não estar disposto a tomar novas medidas para cortar as emissões de combustíveis fósseis, por temer que isso afete seu crescimento econômico, que visa a tirar milhões de pessoas da pobreza.

Mesmo assim, a principal autoridade da ONU para a mudança climática, Yvo de Boer, estava otimista. "Estamos prestes a chegar a um acordo. Não há impasse", disse ele a repórteres.

O objetivo é estabelecer os parâmetros de um acordo que suceda o Protocolo de Kyoto, a partir de 2013.

O G77 compreende 150 países em desenvolvimento, entre eles China, Índia e Brasil. O grupo tem sofrido "forte pressão" para conter suas emissões de gases-estufa, segundo seu presidente, Munir Akram.

"Por enquanto os países em desenvolvimento conseguiram resistir às pressões e até ameaças que temos enfrentado para assumir compromissos", disse ele.

A ONU quer que os países cheguem a um acordo até 2009. O pacto teria que incluir todos os países, incluindo os Estados Unidos.

O Protocolo de Kyoto, pela redução de emissões, é obrigatório para todos os países desenvolvidos, com a exceção dos EUA, que se recusaram a aderir. Os países em desenvolvimento estão isentos. A meta é cortar as emissões até chegar a um nível 5 por cento abaixo dos de 1990.

Para Akram, os países ricos deveriam assumir a liderança, principalmente os EUA.

Entre os países desenvolvidos, cresceu o otimismo na sexta-feira, já que a União Européia amenizou o discurso e o confronto com os EUA quanto às metas de corte.

A idéia é abandonar a meta de corte de entre 25 e 40 por cento das emissões até 2020. Segundo De Boer, seria mantido o objetivo geral de que até 2050 os níveis estivessem bem abaixo de 50 por cento dos de 2000.

A conferência também criou na sexta-feira um esquema de preservação de florestas tropicais, pelo qual serão lançados projetos-piloto para combater o desmatamento e a degradação de florestas.

Enquanto isso, ativistas entregaram aos Estados Unidos e ao Canadá o prêmio "fóssil do ano" pelas menores contribuições para as negociações. (Estadão Online)

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