segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Dívida ambiental do Rio de Janeiro é de R$ 3 bi

Como hoje é domingo, primeiro a boa notícia. Até 2010, terão sido investidos, segundo o governo do Estado, pelo menos R$ 825 milhões na recuperação ambiental do Rio. Agora o choque de realidade: faltam outros R$ 3 bilhões para que todas as ações de despoluição que a Secretaria Estadual de Ambiente julga necessárias sejam implementadas. De onde viriam esses recursos complementares ainda é uma incógnita.

Contando este ano com cerca de R$ 207 milhões do Fundo Estadual de Conservação Ambiental (Fecam), o secretário de Ambiente, Carlos Minc, recorre a parceiros como a Petrobras e a UFRJ, que ajudam na limpeza do Canal do Cunha, no Fundão, responsável pela péssima impressão visual e olfativa de quem entra na cidade pela Linha Vermelha, e até com governos de outros Estados - o de Minas, por exemplo, participa do equacionamento de um dos maiores problemas ambientais do Rio: os 3 milhões de toneladas de lixo químico deixados pela falida Ingá Mercantil em Itaguaí, próximo à Baía de Sepetiba.

- O maior passo foi dado com a vontade política. Agora é tocar os programas com os recursos que já conseguimos e, depois de apresentar os resultados, buscar novas parcerias para as fases seguintes - diz o secretário.

Mas a caminhada é longa. Para acabar com os 80 depósitos insalubres de lixo a céu aberto do Estado, os aterros sanitários onde homens, mulheres e crianças se degradam para sobreviver - só no de Gramacho, em Caxias, são 4,5 mil pessoas - o governo precisa de R$ 300 milhões além dos R$ 45 milhões já investidos.

- Gramacho corre o risco de explodir e contaminar a Baía com 5 milhões de litros de chorume. Aquilo é a síntese da degradação, com crianças disputando lixo com porcos e cavalos - admite Minc.

Para tratar lagoas como as da Barra, Jacarepaguá, Macaé e Região dos Lagos, faltam cerca de R$ 200 milhões, quase o dobro do que foi gasto em 2007.

- A que está em pior estado é a de Jacarepaguá - constata Marilene Ramos, presidente da Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla). - São quase 1 milhão de pessoas no entorno, contando a população de favelas como a Cidade de Deus e Rio das Pedras. Mas já avançamos em Piratininga, onde 80% do esgoto está sendo tratado.

Além de limpar, é preciso preservar. As reservas de Mata Atlântica da Ilha Grande, dos parques do Desengano e da Pedra Branca têm garantidos R$ 35 milhões. Mas pelo menos o triplo precisa ser investido em outros parques do Estado.

- As questões fundiárias são nossos maiores problemas. Só na Reserva Biológica de Araras, em Petrópolis, e no Parque da Serra da Concórdia, não temos esse tipo de entrave. Nas outras 26 áreas há questões de posse a resolver - revela o presidente do Instituto Estadual de Florestas (IEF), André Ilha. - Fora isso, temos que demarcar, colocar guardas, aparelhar sedes, abrir trilhas etc.

Respirar um ar melhor por estas bandas passa também pelos canos de descarga dos carros, responsáveis por 70% da poluição atmosférica no Estado. Mas aí a questão é de fiscalização e o Detran passará, a partir de 2 de janeiro, a reprovar veículos cuja emissão de poluentes apresentem resultados acima do limite. Mesmo assim, não é tão simples.

- Há muitos ônibus e vans piratas rodando por aí e soltando aquela fumaça preta - diz o presidente da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema), Axel Grael. - Se eles andam ilegalmente, não vão se preocupar se estão poluindo. Tem que fiscalizar mesmo.

O presidente da Cedae, Wagner Victer, diz que o desafio da despoluição passa pela educação e pelo crescimento econômico.

- A miséria e o desemprego são grandes causas de ataque ao ambiente. Despoluir é uma ação diária - afirma Victer, lembrando que a Cedae investiu neste ano R$ 150 milhões em ações ambientais.
(Fonte: JB Online)

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