quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Conferência em Bali se aproxima de acordo e ignora brigas

O encontro de 190 países para discutir o clima em Bali, na Indonésia, deu pequenos passos em direção a um novo acordo para combater o aquecimento global até 2009, mas nesta terça-feira (04), a discussão pairou sobre dois emergentes. A cúpula quer saber até que ponto podem chegar China e Índia para diminuir a emissão de gases estufa.

Yvo de Boer, diretor da ONU para o clima, afirmou que a Conferência Sobre o Clima (COP-13), que segue até o dia 14 de dezembro - e que reuniu 10 mil pessoas para discutir a questão -, avançou na idéia de criar um novo pacto de longo prazo para substituir o protocolo de Kyoto. "Nesse processo, como em vários, o problema está nos detalhes", afirmou Boer à Reuters em entrevista coletiva na costa da Indonésia.

Os governos criaram um "grupo especial" para pensar em opções e planejar negociações para obrigar os Estados Unidos e nações em desenvolvimento lideradas por China e Índia a entrar com firmeza na luta contra mudanças no clima. Os participantes do encontro também concordaram em estudar novas maneiras de utilizar tecnologia limpa, como energia solar ou turbinar movidas a vento, para desenvolver as nações.

O Protocolo de Kyoto hoje obriga 36 países ricos a diminuir gradativamente as emissões de gases estufa, principalmente pela redução da queima de combustíveis fósseis. O pacto prevê atingir níveis de emissão 5% menores que os registrados em 1990 por volta de dezembro de 2008, como forma de diminuir as secas, enchentes, maremotos e o aumento dos oceanos.

Na conferência em Bali, houve embates sobre a forma de compartilhar a preocupação sobre Kyoto com todos os países. Ambientalistas também acusaram Japão e Canadá, dois países que ratificaram o protocolo, de exigir demais de nações como China e Índia.

O Canadá afirmou em discurso que "para ser efetivo, um novo protocolo internacional deve incluir obrigações de redução de gases para todas as maiores economias". O país não mencionou cortes mais profundos para países ricos a partir de 2012.

Na segunda-feira (03), o Japão conclamou todos os países a participar efetivamente do acordo e contribuir "substancialmente". Um representante do governo japonês afirmou ser "essencal" que China e Índia estejam envolvidas.

"Canadá e Japão não dizem nada a respeito da redução de suas próprias emissões de gases depois de 2012", disse Steven Guilbeault, do grupo ambientalista Equiterre. "Eles estão tentando transferir a responsabilidade para China e Índia."

Sem propostas formais - Grupos de defesa do meio ambiente deram ao Japão um prêmio de gozação chamado "Fóssil do Dia", enviado diariamente ao país acusado de não cumprir o acordo. O diretor da ONU para o clima, Yvo de Boer, diminuiu o protesto ambientalista, afirmando que todos os governos estavam apenas discutindo idéias. "Um contrato de casamento não é algo para se discutir num primeiro encontro", disse. "Não temos propostas formais feitas."

China e Índia afirmam que os países ricos devem aprofundar as metas de emissão de gases e que eles próprios não conseguem chegar ao nível pela necessidade de queimar combustíveis fósseis para reduzir a pobreza.

O encontro de Bali está sinalizando obter uma autorização dos participantes para expandir o protocolo de Kyoto até 2012. Dos cinco maiores emissores de gases estufa, apenas Rússia e Japão ratificaram o pacto. Estados Unidos ainda não assinaram e China e Índia são isentos da obrigação por serem nações em desenvolvimento. (Estadão Online)

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