segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Conferência do clima acerta acordo para deter desmatamento

A conferência do clima em Bali chegou a um acordo na sexta-feira (14) para limitar as emissões de gases do efeito estufa decorrentes do desmatamento, acordo esse celebrado como um sinal da disposição dos países em desenvolvimento para enfrentar o aquecimento global.

O acordo pode acabar permitindo a países, pobres detentores de áreas de floresta, que façam da conservação das matas uma mercadoria negociável, podendo faturar bilhões de dólares com a venda de créditos de emissão de carbono.

Mas um dos responsáveis pelo esquema avisou que, se bem-sucedido, o acordo poderia criar bônus de redução de emissão em proporções tais que os mercados de carbono entrariam em colapso, caso os países ricos não adotem metas mais rígidas para reduzir a produção dos gases do efeito estufa.

A destruição de florestas responde por 20% das emissões de dióxido de carbono decorrentes das atividades humanas, de forma que a conservação das matas é fundamental para conter o aumento das temperaturas.

O desmatamento não constou dos acordos anteriores sobre o clima devido a dúvidas sobre como determinar quais árvores estavam ameaçadas. E qualquer esquema beneficiaria mais os países que hoje destroem suas florestas do que aqueles que as preservam.

"As matas têm sido o elefante postado no canto das negociações sobre as mudanças climáticas", afirmou Andrew Mitchell, diretor-executivo do Global Canopy Programm, acrescentando que os mercados seriam a única forma de gerar os bilhões de dólares anuais necessários para proteger as florestas.

"Não podemos contar com a filantropia dos governos para que esse dinheiro seja fornecido de maneira sustentável", disse.

O novo acordo, que foi acertado mas ainda não recebeu aprovação formal, cria uma estrutura para que os países dêem início a projetos-piloto e para que estabeleçam as bases de programas mais amplos.

Um fundo de US$ 300 milhões que o Banco Mundial pretende criar ajudará a pagar pelas pesquisas sobre as florestas e por outras ações básicas, além de financiar os primeiros projetos. Mas o acordo elaborado em Bali tem sido conduzido pelos países em desenvolvimento.

No entanto, Kevin Conrad, diretor-executivo da Coalizão para os Países de Florestas Tropicais e enviado de Papua-Nova Guiné para as negociações em Bali, disse que, quando ganharem velocidade, os programas gerariam tantos créditos de emissão que abarrotariam os mercados de carbono.

Atualmente, segundo prevê o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto, os países ricos podem pagar por projetos de redução de emissões nos países em desenvolvimento e receber créditos a serem utilizados para que atinjam suas cotas de emissão.

Conrad, porém, disse que o esquema precisa ter metas mais rígidas.

"A única forma de conseguirmos novos recursos passa por fazer com que os países ricos ampliem seus cortes", afirmou Conrad a jornalistas em meio às negociações de Bali, coordenadas pela ONU.

"Não vamos abarrotar os mercados e depois derrubar os preços para todo mundo, porque então seríamos incapazes de superar os custos mais favoráveis", acrescentou. (Estadão Online)

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