quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Celso Amorim diz que Amazônia é a grande vítima da mudança climática

A Amazônia é a grande vítima da mudança climática e não a sua causadora, afirmou nesta terça-feira (11) o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática realizada na ilha de Bali (Indonésia).

Segundo o ministro, mesmo que o Brasil faça tudo certo em termos de redução e eliminação do desmatamento, se as emissões de carbono continuarem nos países desenvolvidos, "a Amazônia provavelmente desaparecerá".

Ele fez a declaração baseando-se nas conclusões do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU (IPCC), ganhador do prêmio Nobel da Paz de 2007.

Para Amorim, o povo vê o desmatamento da Amazônia como o grande culpado pela mudança climática, mas não percebe que ela, a Amazônia, talvez seja a "grande vítima" deste processo.

O chanceler afirmou que a presença de dois ministros brasileiros em Bali demonstra a importância que o Governo dá à luta contra a mudança climática.

Em entrevista coletiva, Amorim disse que é necessária a adoção de limites de emissões obrigatórias para os países industrializados e pediu meios para continuar com o combate ao desmatamento no Brasil.

"Nos três últimos anos, o desmatamento do Brasil diminuiu 60%", disse Amorim.

Segundo ele, reduzir o desmatamento é tão difícil para o Brasil quanto é para os países desenvolvidos diminuir suas emissões. Para Amorim, este é um processo que requer não somente vigilância, mas também a mudança do curso natural do mercado, "o mesmo que ocorre com os padrões de produção dos países desenvolvidos".

Em relação aos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo estabelecidos pelo Protocolo de Kyoto, Amorim preveniu contra "o abuso dos mecanismos de mercado".

Para ele, o mercado pode ser útil, especialmente nos projetos que implicam uma absorção real de carbono, mas caso seja utilizado de maneira abusiva, pode terminar incentivando o aquecimento global.

"O mercado é importante, mas há também responsabilidades públicas: os Governos e as instituições internacionais têm que assumir suas responsabilidades e não pensar que o mercado resolverá tudo", acrescentou.

Representantes de 190 países estão reunidos em Bali para estabelecer o marco das negociações que serão iniciadas no próximo ano e que buscam obter um novo acordo contra a mudança climática que entrará em vigor em 2012, para substituir o Protocolo de Kyoto. (Yahoo Brasil)

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