segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Ameaça Ambiental Real

Elizângela Cristina Martins Fernandes, Makeli Bombassaro, Nair Gonçalves (*) e Marçal Rogério Rizzo (**)

Atualmente, fala-se muito sobre o efeito estufa, o aquecimento global, as mudanças climáticas e suas causas e conseqüências. Entretanto, esses temas não são novos, já vêm sendo debatidos há um bom tempo. O que vem sendo atual são as conseqüências reais dos impactos ambientais causados pelo homem como o “El Nino”, a desertificação de regiões, o “Tsunami”, as inundações, o derretimento das geleiras entre outros. Não faltaram alertas e mais alertas dos cientistas sobre a necessidade de alteração nos padrões de consumo e produção mundiais. Ano após ano, relatórios e mais relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) mostravam que algo de errado estava acontecendo com o clima do planeta. As conseqüências eram desagradáveis para o capitalismo. Existem perguntas que não querem se calar como: “O que fazer para melhorar o clima do planeta? Como o capitalismo vai reagir à necessidade de mudanças nos padrões de consumo e produção? Que mundo vamos deixar para nossos filhos e netos?”

Hoje, os jornais, revistas e telejornais trazem-nos diariamente, matérias, artigos e notícias sobre o meio ambiente. A relação Homem/Meio Ambiente tem sido cada vez mais truncada. O artigo intitulado “Destruição ambiental ameaça crescimento” (Folha de São Paulo de 20/09/07) de autoria de Vinod Thomas, afirma que o desenvolvimento dos países está condicionado à mudança de atitude por parte das nações, e que, se nada for feito para que as mudanças climáticas e a destruição do meio ambiente sejam revertidas, o crescimento econômico ficará comprometido. Não basta ter vontade, é preciso agir rapidamente antes que seja tarde.

Existem estudos que mostram que os países de renda média respondem pela metade de todas as emissões de gases de efeito estufa no mundo, apresentando, no decorrer dos anos, um crescimento superior ao dos países desenvolvidos, que continuam sendo responsáveis pela maior parte das emissões.

Para manter e impulsionar seu crescimento, as nações, ao longo dos anos, consumiram, de maneira irresponsável, desmataram (para priorizar a agricultura e a pecuária), poluíram, extinguiram espécies, dentre tantas outras ações nocivas para o meio ambiente.

Existem algumas injustiças que envolvem esta questão do aquecimento global, pois as populações que serão mais afetadas pelas mudanças climáticas estão localizadas nas regiões mais pobres que, por sinal, são as menos responsáveis por causar este fenômeno. Rubens Ricupero (Folha de São Paulo de 15/04/07), no artigo “Uma injustiça do tamanho do mundo”, trata justamente deste ponto: “Os Estados Unidos e a Europa respondem por dois terços dos gases causadores da mudança climática, enquanto os 840 milhões de africanos não atingem 3%. Em compensação, as secas e as inundações, decorrentes do aumento de temperatura, castigarão muito os africanos, inocentes de culpa, do que os ocidentais, vilões históricos do aquecimento global, desde a Revolução Industrial”.

O Brasil vai ser um dos grandes afetados pelas mudanças climáticas. No entanto, as “cifras econômicas” gastas com as tragédias ambientais são superiores aos valores despendidos para prevê-las, o que representa um entrave para o crescimento, tanto local quanto mundial. E essa situação tende a agravar-se para as próximas gerações, caso nenhuma medida seja tomada.

São muitos os interesses políticos e econômicos envolvidos nessa questão. Ações nacionais têm-se mostrado insuficientes, quando comparadas à gravidade do problema, pois tanto as causas, quanto as conseqüências são globais. Philippe Bovet e Agnes Sinaï advertem que o Estado deve reassumir o seu verdadeiro papel e arbitrar em defesa do bem comum sem atender aos interesses dos lobbies (Le Monde Diplomatique Brasil – Out/07). Além do mais, lobbies é que não faltam, hoje temos lobbies do setor energético, de Ongs que não atuam como deveriam, de multinacionais que exploram os recursos naturais sem pensar nas futuras gerações, entre outros.

Uma alternativa seria a elaboração de acordos internacionais de cooperação, em ação conjunta com o setor privado, para a diminuição da emissão de gases que causam o efeito estufa. Os países devem assumir suas responsabilidades e propor soluções para reverter esta situação, que é tão prejudicial à qualidade de vida, ao desenvolvimento e até mesmo à continuidade da vida.

Enfim, é inegável que a luta contra o aquecimento global se tornou a grande preocupação para a maioria da população, pois já vem sentindo na pele os efeitos das mudanças climáticas. Algo deve ser feito imediatamente, para que o desenvolvimento mundial possa ser retomado, de forma sustentável, levando em consideração que não se pode ignorar a existência desse problema, que é real e se torna maior a cada dia.

Ricupero, no mesmo artigo, lembra que os Estados Unidos não são os únicos que estão em débito com o Planeta Terra. O Brasil também tem que tomar providências com as queimadas da Amazônia (uma das principais fontes de gases de efeito estufa), rever a destruição das matas ciliares e da Mata Atlântica. Então, também somos vilões e vítimas por essa ameaça real à vida no Planeta.

É importante ter em mente que a contribuição com o meio ambiente está dentro de seu lar, de seu ambiente de trabalho, nas pequenas ações do dia-a-dia, já que podemos cooperar de alguma forma com o meio ambiente. Chegou a hora de calcular o que cada cidadão pode e precisa fazer para “salvar” a Terra das tantas catástrofes que estão sendo anunciadas e previstas. Contudo, quanto mais tardia for a conscientização e as atitudes, menores serão as chances de que as ações surtam o efeito desejado.

* São alunas do 4º. Ano de Administração da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).

** Economista, professor universitário, mestre em Economia e doutorando em Dinâmica e Meio Ambiente.

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