sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Quinze anos após Eco-92, Rio+15 diverge sobre metas de emergentes

Os países em desenvolvimento também têm de assumir compromissos de redução das emissões de gases de efeito estufa, lembraram participantes da conferência internacional Rio+15, na qual foram avaliados os êxitos obtidos pela Cúpula da Terra nos 15 anos desde a ECO-92, no Rio de Janeiro.

O representante oficial do Brasil insistiu que os maiores compromissos têm de ser assumidos pelos países ricos. No entanto, muitos participantes disseram que todas as nações têm de contribuir no combate ao aquecimento global e aceitar metas de redução de emissões.

"Os países em desenvolvimento não podem ser responsabilizados pelas emissões passadas, mas têm de assumir compromissos para reduzir as emissões atuais e futuras", afirmou o ex-secretário do Meio Ambiente do Rio de Janeiro Alfredo Sirkis. "Se é verdade que o Brasil realizou grandes avanços para reduzir o desmatamento da Amazônia, não entendo por que não assume um compromisso para reduzir as emissões", acrescentou.

Enquanto isso, a secretária do Meio Ambiente do Estado mexicano de Jalisco, Martha Ruth del Toro, disse que assumir compromissos não seria difícil em seu país, porque os mexicanos já estão fazendo esforços para reduzir emissões. "A diferença é que colocaremos isso no papel", afirmou a secretária.

Novos compromissos - Apesar de o objetivo da reunião ser debater as conseqüências da chamada Cúpula da Terra, organizada no Rio de Janeiro em 1992, o diálogo na quarta-feira (19) se desviou rumo à necessidade de novos compromissos. Do encontro de 15 anos atrás saíram vários dos principais acordos mundiais para defesa do ambiente.

Segundo os participantes da Rio+15, em sua maioria líderes empresariais e de ONGs, a Cúpula da Terra teve grandes resultados, principalmente com os acordos que depois foram reunidos no Protocolo de Kyoto.

Os chamados Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) foram destacados como um dos principais frutos da cúpula. Por meio deles, países pobres realizam projetos de desenvolvimento sustentável financiados com recursos de países ricos, que, em troca, obtêm créditos em suas metas de redução de emissões.

"Esses mecanismos nos deram ferramentas com as quais podemos ter acesso a recursos de que não dispomos para financiar nossos projetos de desenvolvimento sustentável", afirmou Martha Ruth del Toro.

Convenção - Os participantes da Rio+15 afirmaram que a Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que está sendo negociada e que definirá novas metas de redução de emissões, tem que envolver todos os países, inclusive os não-desenvolvidos.

Sirkis alertou que atualmente a China é o maior responsável pelas emissões de gases de efeito estufa, à frente dos Estados Unidos. Disse ainda que o Brasil, devido aos incêndios florestais em seu território, também aparece entre os países que mais emitem gás carbônico, tido como o principal responsável pelo aquecimento global.

O ativista canadense Maurice Strong, que foi secretário da Cúpula da Terra no Rio de Janeiro, afirmou em teleconferência que a crítica situação ambiental do planeta exige hoje um grau inédito de colaboração entre todos os países.

Por sua vez, o secretário-executivo da Comissão Interministerial de Mudanças Climáticas do Brasil, José Domingos Miguez, reiterou a posição do país no sentido de realizar esforços para combater o aquecimento, embora sem aceitar a imposição de metas.

Miguez admitiu que o problema brasileiro são os incêndios florestais, mas afirmou que o país já conseguiu reduzir o desmatamento da Amazônia em 50% em 2005 e em 25% em 2006. Defendeu, no entanto, que, embora todos os países sejam responsáveis pelo combate ao aquecimento global, nem todos podem ser cobrados da mesma forma. (Folha Online)

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