quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Lula ironiza mudança de postura de Bush sobre o clima


O presidente Lula e os líderes de Índia, México, China e África do Sul (da esq. para a direita)
Lula se encontrou na Alemanha com líderes do G5
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira, em Berlim, que é um avanço o fato de o presidente americano, George W. Bush, se envolver na discussão sobre o aquecimento global, mas ironizou a sua mudança de postura.

"É um avanço o presidente Bush decidir discutir um assunto que não tinha nem interesse. Não sei se ele mudou depois de ter visto o filme do Al Gore", disse Lula, referindo-se ao documentário sobre mudanças climáticas do adversário político de Bush, intitulado Uma Verdade Inconveniente.

O presidente falou com jornalistas após participar de uma reunião do G5 (Brasil, Índia, China, México e África do Sul), que discutiu, entre outros temas, propostas para combater as mudanças climáticas.

Apesar da brincadeira, Lula criticou a posição "voluntarista" do presidente americano, que na semana passada propôs uma reunião de chefes de Estado para discutir o assunto, mas continua resistindo à adoção de metas obrigatórias para a redução das emissões de gases poluentes associados ao aquecimento global.

"O que ele quer é um clube de amigos", disse Lula.

Segundo o presidente, que também se encontrou com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, e líderes de México, Índia, China e África do Sul (que, juntos com o Brasil, integram o G5) nesta quinta-feira, "o Brasil está convencido de que a melhor solução (para o desafio climático) é respeitar as decisões dos órgãos multilaterais".

Lula também voltou a cobrar dos países ricos – responsáveis por 66% das emissões, segundo ele – maiores sacrifícios para conter os desequilíbrios climáticos.

"Não aceitamos que os países pobres tenham que fazer os sacrifícios", disse Lula. “Os países ricos precisam assumir a responsabilidade em despoluir o planeta que eles poluíram.”

O presidente também voltou a defender os biocombustíveis como uma solução que, além de ajudar no combate ao aquecimento global, pode gerar empregos em países pobres.

Quanto ao suposto impacto ambiental da produção de cana-de-açúcar para etanol, Lula disse que o Brasil não aceita o argumento de que a produção de etanol estaria ameaçando a Amazônia.

Segundo o presidente, o Brasil tem terras suficientes para outros cultivos e apenas 6% delas estão tomadas pelo plantio de cana. "A Amazônia é nossa", disse o presidente.

Lula também teve encontros com os presidentes da Nigéria (Umaru Yar'Adua) e da Argélia (Abdelaziz Bouteflika).

Os dois países africanos participam de um grupo de dez países africanos convidados para uma sessão com os líderes do G8 na sexta-feira.

O presidente deve viajar a Heiligendamm, onde ocorre a cúpula do G8, apenas nesta sexta-feira de manhã.

BBCBrasil

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