terça-feira, 18 de setembro de 2007

Especialista cobra avanço contra buraco na camada de ozônio

Um dos cientistas responsáveis pela descoberta do buraco na camada de ozônio afirmou nesta segunda-feira (17) que é preciso avançar mais rapidamente na proteção da película na estratosfera que protege a Terra contra raios ultravioletas danosos.

Em um artigo para a BBC, Joe Farman fez um apelo por mais rapidez no processo de acabar com a fabricação de produtos químicos que destroem a camada de ozônio, além da destruição dos estoques já existentes.

Nesta semana, completam-se 20 anos desde a aprovação do Protocolo de Montreal, que impôs restrições ao uso dessas substâncias, depois das descobertas de Farman e outros cientistas na década de 70.

Os 191 signatários do protocolo se reúnem nesta semana em Montreal, no Canadá, para discutir os avanços conquistados desde 1987 e a antecipação do fim do uso dos HCFCs (hidroclorofluorcarbonos), os principais substitutos dos CFCs.

Muitos desses representantes concordam com as críticas de Farman sobre os acordos que autorizam países em desenvolvimento a continuar a utilizar os HCFCs até 2040.

"Revisões freqüentes socorreram o Protocolo de Montreal das suas deficiências originais, mas outro reexame é visivelmente necessário", escreveu o cientista no site da BBC.

O governo brasileiro vai apresentar junto com a Argentina uma proposta para acelerar a redução do consumo de HCFCs.

De acordo com o programa de meio ambiente da ONU - Organização das Nações Unidas, em 1995, o Brasil era o quinto maior consumidor de CFCs no mundo, com 10,9 mil toneladas por ano.

Hoje, o país é o quinto entre os que mais reduziram o uso das substâncias, atrás de China, Estados Unidos, Japão e Rússia.

Em 2002, o governo brasileiro aprovou o Plano Nacional para a Eliminação dos CFCs (PNE), que previa investimentos de US$ 27 milhões em projetos de eficiência energética, como o de substituição de geladeiras antigas.

Os países ricos praticamente eliminaram a produção de CFCs em 1995, o prazo para os países em desenvolvimento vence em 2010.

Atualmente, essas substâncias continuam a ser usadas por corpos de bombeiros em vários países. Muitas das substâncias, usadas em refrigeração, aerosóis e combate a incêndios podem ser facilmente substituídas por produtos químicos parecidos, como os HCFCs.

Embora eles causem menos danos à camada de ozônio, a produção dos HCFCs está crescendo rapidamente nos países em desenvolvimento.

Pelos termos atuais do protocolo, até 2015 o uso de HCFCs nesses países deve ser congelado no máximo aos níveis atingidos até lá. A suspensão do uso dos HCFCs é prevista para 2040.

A substância também é fortemente associada ao aquecimento global, já que comparativamente os efeitos dos HCFCs são muito mais danosos do que os do dióxido de carbono.

"Em 2005, a destruição causada pelo HFC23 foi responsável por 64% dos valores de todos os projetos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (criado no Protocolo de Kyoto para viabilizar investimentos de países ricos em países pobres como alternativa a investimentos muito mais caros nos próprios países ricos) e passou para 51% em 2006", segundo Farman.

O cientista escreve ainda que atualmente é altamente discutível se o sistema de trocas de carbono, que utiliza este tipo de HCFC, proposto nos moldes Mecanismos de Desenvolvimento Limpo, realmente leva ao desenvolvimento sustentável.

Joe Farman foi um dos três pesquisadores britânicos que relataram pela primeira vez os graves danos sofridos pela camada de ozônio sobre a Antártica - o "buraco" revelado em 1985. (Estadão Online)

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