sexta-feira, 6 de julho de 2007

São Paulo aprova lei de uso de aquecimento de água com energia solar

Apesar das discussões sobre energias estarem, nos últimos dias, centradas na retomada de Angra 3, uma boa notícia sobre uma fonte sub-explorada no Brasil veio da capital paulista. A câmara municipal de São Paulo aprovou e o prefeito Gilberto Kassab sancionou quarta-feira (04) um projeto de lei que obriga novas construções a aquecer pelo menos 40% da água com energia solar.

Um levantamento realizado pela Secretaria do Verde e Meio Ambiente de São Paulo constatou que o Brasil recebe 2,2 mil horas de insolação, o suficiente para gerar 15 trilhões de megawatts. Isto corresponde a 50 mil vezes o consumo nacional de eletricidade. “Outros países, como os Estados Unidos e alguns europeus, com menos luz solar que o Brasil estão mais avançados do que nós”, disse o secretário do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge Alves.

Novos hotéis, clubes esportivos, hospitais, escolas, parte da indústria e todos imóveis com piscina deverão instalar o sistema, assim como residências com mais de três banheiros. Para a indústria, os geradores só serão obrigatórios se a mesma utilizar água quente na produção ou se tiver vestiários para os funcionários. Atuais edificações com piscinas também terão que se adequar a nova lei.

Segundo o projeto, cada metro quadrado de coletor de energia solar dispensa 52 metros quadrados de reservatório de hidrelétrica para produzir a mesma quantidade de energia. “E é preciso lembrar a dificuldade progressiva para implantação de novas usinas”, ressalta o jornalista Washington Novaes, em artigo publicado na Folha de São Paulo recentemente.

Novaes afirma que o Brasil ainda tem uma proporção pequena desse tipo de equipamento: 1,2 metro quadrado por 100 habitantes, ante 17,5 m2 na Áustria e 3,2 m2 na China - quando 6% da energia produzida no país é consumida por chuveiros elétricos.

No Brasil, eles respondem por 8% da demanda de eletricidade, chegando a 18% no horário de pico do uso do sistema. “E a substituição pode, depois de pago o investimento inicial, reduzir em cerca de 30% a conta do usuário”, explica Novaes.

O custo da energia solar caiu de 20 centavos de dólar por watt na década de 70 para 2,7 centavos em 2004. O professor da Unesp e diretor de instalações do Secovi-SP, Paulo Rewald, diz que uma família de quatro pessoas, de média ou alta renda, teria que desembolsar cerca de R$ 600 a R$ 5.000, tendo este valor recompensado com a economia promovida ao longo do tempo. O valor pode ser ainda menor em edifícios residenciais ou comerciais porque há um ganho de escala, segundo Rewald.

Experiências de sucesso - Uma lei similar já foi sancionada em Porto Alegre (RS) e serão oferecidos incentivos fiscais para projetos que se adequarem.

Na China, onde 80% do aquecimento de água é feito com energia solar, Rizhao, uma cidade de 3 milhões de habitantes, tem em 99% das casas aquecedores solares, que ocupam uma área de 500 mil metros quadrados. Ali, até os sinais de trânsito têm células fotovoltaicas”, cita Washington Novaes.

Carbono Brasil

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