terça-feira, 5 de junho de 2007

Plano chinês contra mudança climática evita compromissos concretos


A China, o segundo maior poluidor do planeta atrás dos Estados Unidos, apresentou hoje seu primeiro plano para lutar contra a mudança climática. O documento não fixa objetivos concretos de redução das emissões de CO2, embora se comprometa a controlá-las.

"A China não considera aceitável que se imponham aos países em desenvolvimento compromissos de redução de emissões, mas fixa a meta de reduzir o consumo energético em 20% em 2010, o que diminuirá sua emissão de gases do efeito estufa", disse Ma Kai, ministro da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento (principal órgão de planejamento econômico).

O esperado plano da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, que possui objetivos já anunciados e estipula medidas para consegui-los, foi apresentado dois dias antes da Cúpula do G8 na Alemanha, que será assistida pelo presidente Hu Jintao e que abordará a mudança climática como assunto principal.

Ma reconheceu que a China vai tirar dos EUA o posto de principal emissor de CO2 do mundo em 2008 (segundo a Agência Internacional da Energia), mas disse o nível per capita de emissões seguirá sendo apenas de "uma quinta parte do americano". Ele acrescentou que Pequim está comprometido em mudar seu atual modelo de crescimento por um mais sustentável e com uma participação maior das energias renováveis, das novas variedades de colheitas resistentes à seca e com maiores superfícies florestais.

Ma afirmou ainda que a China necessita "urgentemente" da transferência de tecnologia dos países desenvolvidos para combater a mudança climática e adaptar-se a ela. "Não vimos muita ação na ajuda financeira e técnica aos países em desenvolvimento [como estabelece o Protocolo de Kyoto]. Esperamos que os países industrializados cumpram suas obrigações e dêem esse apoio", disse. Ele ressaltou que as companhias estrangeiras que investem em indústrias de alto consumo energético na China também são responsáveis pelas emissões do país.

Segundo Ma, a proposta da União Européia (UE) para evitar que a temperatura global se eleve em mais de 2 graus em relação ao ano 2000 "é uma prova de esforço, mas o número carece de base científica e requer mais estudos".

O novo plano chinês mostra a posição defendida por Pequim de que os países desenvolvidos e seus 200 anos de industrialização são os principais responsáveis pelo aquecimento global e, por isso, eles têm a "responsabilidade básica" de reduzir as emissões.

"A comunidade internacional deveria respeitar o direito dos países em desenvolvimento de se modernizar e se industrializar", disse Ma.

Segundo os últimos dados disponíveis, a China emitiu em 2004 o equivalente a 6,1 bilhões de toneladas de CO2, 75% procedentes da combustão de energias fósseis, como o carvão e o petróleo.

Folha on line

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