As maiores potências do mundo, encabeçadas pela Alemanha, acertaram um plano que "considera seriamente" metas para reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa. Mas para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, convidado para acompanhar a reunião de cúpula do exclusivíssimo G-8, em Heiligendamm, o acordo não representa um avanço significativo na questão das mudanças climáticas. Lula disse, ainda, que os países ricos "precisam assumir a responsabilidade de ajudar a despoluir o planeta que eles poluíram", em vez de pressionar as nações emergentes para estabelecer metas de redução de emissão de gases do efeito estufa.
- Não faremos concessões a nosso crescimento econômico - disse Lula.
Lula lembrou que os países industrializados são os maiores responsáveis pelas emissões de CO2, e que agora é necessário reduzi-las para salvar o planeta.
- Os países em desenvolvimento estão dispostos a se unir a essa luta, de uma responsabilidade comum mas diferenciada - disse Lula, para quem as nações emergentes não deveriam ser obrigadas a obedecer metas de emissão.
Ele lembrou que o Brasil está apostando forte nas tecnologias limpas. O mesmo argumento foi utilizado pela China para expressar sua rejeição a um compromisso numérico de redução de emissões. Segundo o presidente chinês, Hu Jintao, o país cortará as emissões mais nocivas ao meio ambiente em 10% até 2010, e ao mesmo tempo aumentará a eficiência energética em 20%.
O líder brasileiro também destacou que o prazo de 2050 estipulado para a redução de emissão de CO2 não contempla as necessidades do planeta no curto prazo e indica que "ninguém fará nada até 2049".
- Cinqüenta anos é muito tempo e vai permitir que os que poluem continuem poluindo e não façam nada - observou. Lula também disse que o problema das mudanças climáticas não pode servir de "inibição para o crescimento dos países pobres e em desenvolvimento".
Lula também criticou o presidente dos EUA, George W. Bush, que defende que o problema das emissões de gases seja tratado fora do Protocolo de Kyoto. Mas o líder brasileiro reconheceu avanços na postura do chefe da Casa Branca:
- É um avanço o presidente Bush decidir discutir um assunto que não tinha nem interesse. Não sei se ele mudou depois de ter visto o filme do Al Gore", disse Lula, referindo-se ao documentário "Uma Verdade Inconveniente", do democrata Al Gore, que enfoca o problema das mudanças climáticas.
A teoria de que a produção de cana-de-açúcar para etanol poderia ter um impacto ambiental considerável também foi rechaçada por Lula. O presidente disse não aceitar o argumento de que a prática estaria ameaçando a Amazônia.
O Globo on line
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