terça-feira, 8 de maio de 2007

Presidente da Cnen reafirma que energia nuclear é limpa, segura e confiável

O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Odair Dias Gonçalves, voltou a defender a retomada da construção da usina nuclear de Angra 3, por gerar “uma energia limpa, que não contribui para o chamado efeito estufa na atmosfera”.

Em entrevista à Agência Brasil, ele defendeu ainda a “capacidade de armazenamento da energia nuclear, como nenhuma outra tem”. E argumentou que esse é o problema das energias alternativas de fontes eólica (dos ventos) e solar. “Não é possível armazenar energia a não ser em baterias. E essa é uma maneira muito ruim de armazenar a energia elétrica”, avaliou.

As duas usinas nucleares em operação no Brasil (Angra 1 e 2) têm capacidade instalada de 2.007 megawatts (MW) de energia. Com Angra 3, essa capacidade se elevará para 3.357 MW, de acordo com a estatal Eletronuclear, que cuida da construção e operação da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, localizada no município fluminense de Angra dos Reis.

As usinas de Angra 1 e 2 respondem por cerca de 60% do consumo de energia do Rio de Janeiro. Com a perspectiva de continuidade de Angra 3, “nós chegaríamos quase à auto-suficiência na região Sudeste, em particular no Rio de Janeiro”, afirmou Gonçalves. Essa perspectiva, acrescentou, é “bem avançada”.

A Comissão aguarda para este mês a realização da reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que deve se pronunciar sobre a retomada do programa nuclear brasileiro, discutida há três anos no país, lembrou Gonçalves. A partir da aprovação pelo Conselho e pelo presidente da República, o assunto poderá ser submetido a discussão mais aberta com a sociedade, a fim de prestar esclarecimentos “e mostrar quão seguras e avançadas estão essas questões no Brasil”.

Na avaliação de Gonçalves, Angra 3 terá um conteúdo simbólico expressivo, porque poderá ser a primeira de uma série, e essa será “uma decisão corajosa” por parte do governo, que já vinha sendo aconselhada pela Cnen, órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Ele lembrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já teria demonstrado, recentemente, sua posição favorável à energia nuclear. E informou que para a conclusão de Angra 3 são estimados investimentos de US$ 1,8 bilhão e um custo total de R$ 17 bilhões para colocar a unidade em funcionamento, levando a energia gerada aos consumidores.

Nesse valor está incluída a construção do reator e adaptação de toda a malha para mais 1.350 megawatts (MW) de energia, esclareceu. A expectativa é a de que, retomado o projeto de Angra 3 ainda neste ano, a usina poderá entrar em funcionamento em 2013. No momento, segundo o presidente da Cnen, não é possível construir reatores nucleares no país, mas ele lembrou que está sendo finalizada pela Marinha a construção de um reator para propulsão do submarino nuclear, que poderá ser adaptado para uma capacidade de até 300 MW.

A Cnen sugere equipamentos mais modernos, disse, mas “é possível, dentro desse contrato, conseguir índices de nacionalização até de 70%”. A idéia anterior da Comissão, explicou, era de investir em geradores pequenos, porém diante do cenário energético do país desenhado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia, Gonçalves afirmou ter ficado “evidente que nós precisaríamos, até 2030, de uma quantidade de megawatts que seria um pouco difícil de conseguir se fôssemos pensar em desenvolver os reatores pequenos”.

(Fonte: Alana Gandra / Agência Brasil)

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