quarta-feira, 16 de maio de 2007

Metrópoles querem agir antes de crise climática

DENYSE GODOY
da Folha de S.Paulo, em Nova York


Representando cerca de 250 milhões de pessoas, os prefeitos de 32 cidades dos cinco continentes se reuniram ontem nos EUA para mandar um recado aos governos nacionais: querem ser os verdadeiros protagonistas da luta contra o aquecimento global.

"Não vamos mais ficar sentados esperando que eles tomem a liderança. As cidades consomem 75% da energia e produzem 80% dos gases-estufa, portanto podem fazer a diferença de fato nessa batalha", afirmou Michael Bloomberg, prefeito de Nova York, cidade que sediou o encontro.

"E, para fazer frente a esse desafio, não é necessário utilizar nada que ainda não tenha sido inventado --só é preciso vontade política, e é isso que nós aqui presentes queremos demonstrar", acrescentou Ken Livingstone, prefeito de Londres e presidente do C40. O grupo foi criado no ano passado por quarenta metrópoles interessadas em discutir as mudanças climáticas na Terra e maneiras de evitá-las.

Nova York ambiciona ser um exemplo para as outras cidades com o seu plano para cortar em 30% as emissões de gases-estufa até 2030. Além de encorajar a utilização de sistemas mais eficientes de aquecimento e refrigeração nas casas, o plano ainda estabelece um pedágio para veículos que trafegam no centro de Manhattan.

Também participaram da reunião de ontem os prefeitos de Tóquio, Seul, Toronto, Cidade do México, Mumbai, Johannesburgo, Melbourne, Berlim e Chicago, entre outras.

Do Brasil, foram Gilberto Kassab, de São Paulo, Cesar Maia, do Rio de Janeiro, e Beto Richa, de Curitiba. Richa destacou o sistema de transporte público curitibano. "Os nossos corredores exclusivos para ônibus já foram adotados em Bogotá e Cali, na Colômbia, e também em Los Angeles", comentou. "Um ônibus confortável e uma passagem a preço justo estimulam as pessoas a deixarem o carro em casa."

Maia apontou o principal problema do Rio de Janeiro: a elevação do nível do mar em até 50 centímetros até o final deste século. "O sistema de drenagem de regiões baixas, como Jacarepaguá, e em especial Rio das Pedras, precisa ser todo refeito em no máximo dez anos.

É prioridade e é urgente", contou. Para as obras, a prefeitura espera conseguir fazer parcerias com a iniciativa privada --potenciais investidores em busca de oportunidades nos países em desenvolvimento também estavam no evento.

Para os prefeitos, duas são as suas principais tarefas a partir de agora. Primeiro, combinar as estratégias, pois as cidades se encontram em diferentes estágios de desenvolvimento. "As brasileiras precisam aprender a crescer sem penalizar demais o ambiente", disse Maia.

Segundo, convencer a população a mudar os seus hábitos. "Não acho isso difícil, porque todos queremos um futuro melhor. É papel das prefeituras explicar e informar, propor medidas eficientes e executá-las", afirmou Bloomberg.


Folha de São Paulo

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