quinta-feira, 22 de março de 2007

Mudança climática é irreversível, dizem meteorologistas

Meteorologistas ibero-americanos, que se reuniram em Madri para participar de uma conferência da OMM - Organização Meteorológica Mundial, afirmaram nesta quarta-feira (21), que a mudança climática "é irreversível" e que agora o importante é adaptar-se à nova situação.

"O problema é irreversível e temos que nos adaptar ao inevitável", já que praticamente toda a comunidade científica concorda que o clima muda por causa da atividade humana, disse o chefe do serviço meteorológico da Costa Rica, Paulo Manso.

Manso concedeu entrevista coletiva ao lado dos representantes do Brasil, Antonio Divino Moura; da Argentina, Miguel Ángel Rabiolo; e da Espanha, Francisco Cadarso, que alertaram para a gravidade do problema, mas evitaram fazer coro com os catastrofistas.

"Não podemos manifestar-nos como se fôssemos a Igreja dos Últimos Dias", disse Moura, que destacou ainda a importância de determinar as causas do problema e seus efeitos, pois desta forma os desastres naturais poderão ser enfrentados com mais eficácia.

Moura citou como exemplo de ações concretas regionais o trabalho realizado por Brasil, Argentina e Uruguai para antecipar e prevenir os efeitos da mudança climática no Atlântico Sul, que, em maio de 2004, registrou o primeiro furacão do qual se tem notícia.

Segundo o argentino Rabiolo, isso é possível graças à constante troca de informações entre os países sobre os processos meteorológicos e aos importantes avanços tecnológicos.

O âmbito ibero-americano é muito grande e diverso, e, afirmaram Moura e Rabiolo, os efeitos da mudança climática não podem ter unicamente uma interpretação negativa, pois podem trazer benefícios, mas é preciso saber aproveitá-los.

O meteorologista argentino mencionou como exemplo o fenômeno El Niño, que, se no Peru e no Equador causou graves problemas este ano, "para a Argentina trouxe a melhor produção de soja dos últimos 30 ou 50 anos".

Moura disse ainda que é essencial aproveitar as oportunidades trazidas pelo novo cenário climatológico e pela crescente conscientização do problema, que impulsionarão, por exemplo, o uso de energias renováveis e dos biocombustíveis, que "podem ser a porta para o desenvolvimento econômico" dos países em desenvolvimento.

Já Manso acredita que são necessárias medidas concretas que vão além da boa vontade de cada um dos países. No caso da Costa Rica, estes gestos se traduzem "na vontade política" de se tornar o primeiro país "carbono neutro" (que não emite gases poluentes) entre os Estados em vias de desenvolvimento.

Caso contrário, as concentrações de dióxido de carbono na atmosfera "poderiam duplicar ou triplicar no final do século e as conseqüências seriam apocalípticas", afirmou Manso.

No entanto, o tempo é um fator que vai contra a saúde do planeta. "Apesar de termos uma capacidade de reação baseada na tecnologia, o ritmo atual de reação é muito mais lento que o ritmo ao qual está sendo produzido o fenômeno" da mudança climática, disse o espanhol Cadarso.

Efe/ Estadão Online)

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